sábado, 8 de janeiro de 2011

BAPTISMO DO SENHOR - A

Naquele tempo, Jesus chegou da Galileia e veio ter com João Baptista ao Jordão, para ser baptizado por ele. Mas João opunha-se, dizendo: «Eu é que preciso de ser baptizado por Ti, e Tu vens ter comigo?». Jesus respondeu-lhe: «Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça». João deixou então que Ele Se aproximasse. Logo que Jesus foi baptizado, saiu da água. Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência».

Jesus é-nos apresentado solenemente pelo Pai, como o Filho amado! Esta festa condensa o ciclo do Advento e Natal e abre-o à totalidade do ano litúrgico. Ajuda-nos também a recordar o nosso Baptismo. Mas o que é o nosso Baptismo? É uma celebração atafulhada no meio de embaciadas memórias, ou é uma fonte que transborda em graça no nosso dia-a-dia?!

“Tu vens ter comigo?”
É a admiração que João aprendeu no ventre de sua mãe, quando esta se deparou com a visita da Mãe do seu Senhor (Lc 1, 43)! João ensina-nos que é necessário o espanto e a humildade perante a importância que Jesus nos dá e as responsabilidades que confia às nossas mãos indignas.
Mas porque se enfileira Ele no meio dessa raça de víboras?! Jesus segue o percurso de servo, pois sabe o que é toda a justiça e trilha a obediência até ao fim. Continuará a irromper nos lugares “menos apropriados”, depois do estábulo de Belém, no meio dos simples, dos pecadores, nos antros da doença e da morte; continua a rondar a porta do meu coração pobre e pecador. É como se me dissesse: “Estou presente, junto ao teu pecado, pronto para te abraçar e te dar a vida!” Na água da humildade, Ele não só me pode purificar, como quer fazer de mim uma nova criação.

A água, o Espírito e a Voz
Os três ingredientes da criação, também presentes na anunciação! O Espírito embala as águas (Gn 1, 2), que eclodem ao som da Voz de Deus. Uma criação expectante até a voz da criatura chegar ao ponto de afinação com a Voz do Criador: “Faça-se” (Lc 1, 38), e do líquido amniótico do seio de Maria, pelo Espírito Santo, a criação encontra o fruto perfeito, primícias e coroamento. Jesus é a nova Criação! Ele é o Filho amado, a única Palavra do Pai (VD, 18), que preciso de escutar, como um sustento, e é o irmão da minha humanidade, fruto da docilidade de Maria.
Somos também esta nova Criação se estamos em Cristo, como nos diz S. Paulo (2 Cor 5, 17).

Estar em Cristo: um baptismo permanente
Estar em Cristo é confiar-lhe a vida e aceitar o dilúvio da sua vida em mim! É renunciar ao velho vício de “criar” só eu a minha história, para a submeter à surpreendente arte do Criador. É aceitar morrer com(o) Ele em todas as conjugações do verbo amar; entrar na água da humildade, deixar que o Espírito fecunde o meu nada e correr o risco de que o Pai me ressuscite nas entranhas da sua Voz: é permanecer n’Ele (Jo 15,4) de modo que a sua plena obediência e sintonia com a vontade do Pai seja a seiva que me alimenta os pensamentos e as obras… é conhecer a filiação!

Amigos, o Baptismo desafia-nos a ser uma permanente nova Criação, em Jesus! E isto, mais do que exigência, é dignidade, puro gozo: o Pai contempla, enlevado, a humanidade de cada um de nós, na do Filho amado. Que alegria podermos gloriar-nos de ser objectos das complacências do Pai!

VIVER A PALAVRA
A cada desafio, quero que a minha opção seja uma resposta de fidelidade ao Deus Criador.

REZAR A PALAVRA
Pai Criador, que tens na Voz a música de todos os começos,
que admiravelmente me sustentas ao som de um imenso amor,
que todo o meu ser concorde com a tua vontade Omnipotente!

Filho amado do Pai e irmão da minha fragilidade
suave música que harmoniza qualquer canção
quero dedicar-te a interpretação da minha vida!

Espírito de Amor, sapiente agitador de águas
que fecundas toda a entrega que a ti se expõe,
quero ser a disponibilidade incondicional para gerar vida, ao teu toque!

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