sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

II Domingo Comum A

Naquele tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim baptizar na água».
João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a baptizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que baptiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus». (Jo 1, 29-34)

Caros amigos e amigas, neste tempo ordinário, tendo ainda no coração a ternura do Natal, abrem-se as páginas do Evangelho para encontrar o Filho de Deus, homem entre os homens. Este tempo litúrgico chama-se “ordinário” porque não está assinalado por grandes festas, mas vive o decorrer regular dos dias, ritmado apenas pela festa semanal do Domingo. E neste nada de extraordinário Deus nos encontra, desperta e cativa.

Jesus vinha ao seu encontro
Nos longos tempos de deserto, de solidão e de silêncio, João tinha-se preparado para este momento. Contudo, fica perturbado e tem uma certa dificuldade em reconhecê-Lo quando vê Jesus na fila dos penitentes! Também nós habituados ao comodismo da “nossa” fé, podemos ter dificuldade em encontrá-Lo e acolhê-Lo porque, quando Deus assume toda a fragilidade e escuridão da nossa vida, suja as mãos metendo-as na massa da nossa existência e não nos olha do alto mas nos redime de baixo.
O Baptista convidava todos a caminhar para Deus e agora, inesperadamente, apercebia-se que era Deus a vir ao encontro do seu povo. Jesus é um peregrino contemporâneo que, passo após passo, vem ao nosso encontro, discreto, simples, encaminhado à nossa vida. Deus não se cansa de se dirigir para nós, no longo rio dos dias, anulando as distâncias e separações. A meta somos nós! Somos a sua terra prometida!

Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo
Estas são palavras fulgurantes que das margens do Jordão chegaram a todas as igrejas e que, em cada eucaristia, são relançadas ao céu e ao coração de cada um. São palavras que contém uma longa história e uma novidade absoluta: já não são os homens a imolar ou a sacrificar alguma coisa a Deus; mas é Deus que se entrega a si próprio por nós! Revolucionária inversão divina de papéis: pensávamos nós de procurar Deus e de fazer algo por Ele, quando é Ele que nos surpreende com amor! No Filho Deus é acessível, visível, evidente, sensível.

Eu não o conhecia
Só se conhece na medida em que se ama. Quanto mais se ama o outro mais nos damos conta que ainda falta tanto a descobrir. Quando pensamos saber tudo do outro cessamos de amar, porque o outro “não nos diz mais nada”. É um pouco o drama do amor quando deixa de ser encanto face à insondável beleza do outro. Se o outro for Deus, Amor feito carne, então quanto mais o conhecermos mais nos sentimos atraídos e quanto mais o desejarmos mais sentiremos ainda de não o possuir. E, após cada descoberta, poderemos apenas balbuciar: “ainda não Te conhecia”!
No caminho da fé e da conversão do coração não existem varinhas mágicas, nem anestesias místicas. Nada há a conquistar, apenas alguém a acolher como um dom que renova a vida: Jesus, o Filho de Deus. Não apenas um grande homem inspirado por Deus, um profeta, mas aquele que fala com as próprias palavras de Deus porque quando dá a vida tira o pecado do mundo. E isso é Evangelho.

VIVER A PALAVRA
Quero abrir-me ao mistério sempre novo de Cristo e conhecê-l’O melhor através da Palavra e dos sinais.

REZAR A PALAVRA
Senhor Jesus, quem dera que te visse vir ao meu encontro,
no lampejo da manhã e quando a luz se despede,
dentro da esperança e quando a contrariedade me desarruma.
E, no entanto, Tu estás, Tu vens, subtil e assíduo,
como a atmosfera, silenciosa, que me alimenta a respiração.
Em Ti, Cordeiro perfeito, está a garantia da minha regeneração.
És o antes e o depois, o alicerce e a coroa; a beleza que me busca.
Só Tu tens o fogo que me ateia e a brisa que me pacifica... Urge que te veja!
Senhor, com a unção do Espírito Santo, ilumina-me a capacidade de ver-te,
e ler-te num manjar de sinais... e testemunhar-te numa vida por ti iluminada...

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