sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pentecostes B


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim. E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio. Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar por agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos conduzirá à verdade plena, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há-de vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que receberá do que é meu e vo-lo anunciará».

Caros amigos e amigas, sem o Espírito o cristianismo é uma doutrina árida, a Igreja reduz-se a uma velha organização, a moral é incompreensível, a cruz é uma folia e Cristo é uma personagem do passado. O Espírito faz germinar em nós as sementes de ressurreição e abre caminhos novos de esperança. Viver do Pentecostes é viver embriagado da vida divina deitada prodigamente no nosso coração.

“Quando vier o Paráclito”
Os tribunais hebraicos tinham uma personagem que hoje não temos: quando era pronunciada uma sentença acontecia, por vezes, que um homem de reputação incontestada fosse, discreta e silenciosamente, colocar-se junto do acusado, para declarar-se a seu favor. A este depoimento mudo e eloquente, que confundia os acusadores, chamava-se o “paráclito”.
Entre as páginas do Evangelho encontramos também Jesus como paráclito da mulher acusada de adultério que, em silêncio, escreve com o dedo no chão. Agora, no regresso ao céu, o Mestre segreda aos apóstolos que vai enviar o Paráclito. Este permanece discretamente junto dos discípulos, como testemunha silenciosa da verdade. O Espírito é o dedo de Deus que, ainda hoje, escreve sobre o pó do nosso coração as palavras de uma aliança nova e grava na nossa vida um amor total que nunca poderá ser esquecido.

“Eu vos enviarei o Espírito da verdade”
Os apóstolos, apesar da convivência com Cristo, pouco tinham compreendido da sua mensagem. Só com o Espírito Santo, “grande mestre da Igreja” (Cirilo de Jerusalém), as palavras de Jesus se tornam luminosas. Ainda hoje, é Ele que nos faz penetrar no mistério de Cristo, nos abre a inteligência e nos faz arder o coração. É Ele que dá vida à Palavra, a torna vital e sensível, contemporânea aos nossos sonhos e dúvidas. Por ele, o Evangelho ecoa como novo, nos arrasta e seduz.
É o Espírito que constrói, sobre as pontes das nossas distâncias terrenas, relações de eternidade. Ele é como uma música que ressoa na história, em todos os tempos e em cada pessoa, abrindo para horizontes nunca antes explorados. Ele é a harmonia que faz bela a vida.

Genial artista interior
O Espírito Santo, o Eterno Esquecido, está sempre presente. Sem protagonismos ou vaidades, Ele escolhe a interioridade, lugar onde se fazem confidências, se cria comunhão, se sonha o futuro e se contempla silenciosamente o essencial. Em segredo, o Espírito Santo é sempre para o outro. Ele é o Amor em cada amor, a alma em cada vida, o ar de cada respiro, misterioso coração do mundo, êxtase de Deus, efusão ardente. O Espírito é doce carícia divina que deixa no nosso coração o dom maravilhoso da sua presença. Ali, no mais íntimo, onde a humanidade abraça a divindade, está o Espírito de Deus.
Quando tudo parecia estéril, aquele Espírito que tinha rolado a pedra do sepulcro e vencido a morte faz despontar nos apóstolos uma coragem e energia inesperadas. É, por vezes, difícil sair do nosso cenáculo e do lamento infértil. E o Espírito vem, humilde e decidido, mais forte do que o nosso desânimo, como vento que enche as velas da nossa vida, que dispersa as cinzas da morte e que difunde, por toda a parte, os pólenes da primavera da ressurreição.
O Evangelho não faz referência a Maria. Contudo, acredito que, com os cabelos já grisalhos e junto dos apóstolos, Ela sorria serenamente como se já conhecesse o rosto e o modo de agir do Espírito. No seu íntimo tinha experimentado a Sua presença e tinha visto dissipar-se, no silêncio, todas as perplexidades. Ela bem sabia que a semente colocada por Deus no coração dos apóstolos trazia dentro de si a força para desabrochar e dar vida. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou deixar o meu espírito permeável ao Espírito de Deus, nos critérios e nas opções.

REZAR A PALAVRA

É suave o que me segreda o amor, herança eterna que perpetua a presença.
É terno o que me toca, decidido, e vai conduzindo a história de um querer.
É doce o que me penetra de surpresa, colorido que extasia e desisntala.
Verdade que transforma, refúgio que protege, vida que fortalece,
abraço que consola, sabedoria que ilumina, bússola que conduz...
Tu és fogo, tu és amor... Vem Espírito Santo, Vem Espírito Santo!

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