quinta-feira, 4 de julho de 2013

XIV Domingo Comum B



Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’.


Caros amigos e amigas, o Evangelho narra o envio dos discípulos como embaixadores da paz, curando e anunciando a proximidade de Deus. Todos nós podemos ser aventureiros deste Amor.

“Designou setenta e dois discípulos e enviou-os…”
Jesus é um entusiasta apaixonado! Preocupado com a vastidão da messe, envia os discípulos à sua frente, porque o amor tem um rosto humano. O Mestre confia mais nas pessoas do que na eficácia dos programas e dos meios. Assume até o risco dos discípulos não serem credíveis, de se poderem perder ou até de se meter cada um por conta própria.
Jesus não envia membros de uma ONG carregados de alimentos, roupa e dinheiro, mas envia gente com os bolsos vazios, rica apenas da sua palavra e portadora de esperança. Ninguém vai em nome próprio, pois no Reino não há lugar para freelancers ou gurus. Os discípulos partem apenas com aquele furacão de paixão que preenche a vida.

“…dois a dois”
Os discípulos não vão sozinhos como conquistadores, vagabundos ou navegadores solitários em viagem turística, mas partem na união de “uma só alma e um só coração”. Afinal, o primeiro anúncio dos discípulos é a própria vida, é o tesouro de uma amizade que se torna semente de comunidade. Ir, dois a dois, aguenta o coração e cura a solidão (Ronchi). Além disso, implica a disponibilidade a perder a própria ideia e a superar os limites individuais: o homem sozinho não é homem; e o discípulo é aquele que vê o seu rosto reflectido no olhar do outro.
Por estranho que pareça o Mestre não ordena o que devem dizer, mas apenas o estilo que devem adoptar. Não necessitam de convencer com palavras, mas com o testemunho de um amor recíproco. A mensagem fundamental será a própria vida, vivida em comunidade e fraternidade. Não se anuncia uma doutrina, mas uma Pessoa que se faz presente na relação e amor dos discípulos.

Essencial
Os discípulos trazem em si uma escandalosa fragilidade de meios e equipamentos. Partem vazios de coisas, porque o essencial se encontra na humanidade e na partilha sincera da existência, principalmente na casa e na família onde se joga o sorriso e as lágrimas, ali onde a vida nasce e se alimenta de amor. Ser Igreja é ser casa! É ser família! O discípulo é, então, acolhido não porque traz algo, mas porque traz Cristo!
Os 72 partem, sem salamaleques, ricos de um santuário de pobreza porque acreditam na criatividade do amor, porque sabem que as pessoas estão acima das coisas. A única preocupação de quem anuncia é a de ser infinitamente pequeno, pois só assim o seu anúncio será infinitamente grande. A segurança repousará nas palavras que trocar com o irmão do caminho, qual rosto a amar e a descobrir, numa história a partilhar numa comunidade de vida, numa fé em comum, na certeza de que não se está só, mas que há sempre Alguém ao lado. Isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA

Tomo consciência de que estou na lista de convocados para ser profeta aventureiro do amor do Senhor.

REZAR A PALAVRA
Senhor, reconheço que, por vezes, tenho receio de te dar tudo: encho-me de mim,
guardo-me, aferrolho as “minhas coisas” e não fico com espaço para o teu amor!
Abre, Senhor, o meu coração ao teu amor e solta-o pelos caminhos do mundo.
Gostaria de hoje oferecer-te a minha vida, incondicionalmente, e confiar em Ti:
celebra em mim o banquete da Palavra e da Eucaristia; estende-me como uma ponte...

Hoje, coloco-me ao teu dispor: Eis-me aqui, envia-me!

Nenhum comentário: