quinta-feira, 25 de julho de 2013

XVII Domingo Comum C



Naquele tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista ensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’». Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados e não posso levantar-me para te dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».

Caros amigos e amigas, o Evangelho deste Domingo dá-nos uma boa oportunidade para, com os discípulos, ousar também indagar Jesus, Aquele que é o Filho muito Amado, sobre o segredo para aquele encontro íntimo com o Pai, que nos é absolutamente necessário como respirar.

Ensina-nos a orar
Certamente que os discípulos se questionavam de onde vinha a Jesus aquela força interior, aquela harmonia, aquela segurança e legitimidade para o que dizia e fazia. Habituados a ver que Jesus “se retirava para lugares solitários” sentiam-se fascinados ao vê-lo rezar! Eles precisavam de saber como se alcançava aquela comunhão com Deus, aquela permanente reconciliação com tudo o que Ele criou.
Também nós, cansados de tanta aridez e infertilidade na oração, temos em Jesus o verdadeiro Mestre. Ele pode ensinar-nos a rezar, a trilhar o caminho de ingresso à relação com o Pai, porque só Ele conhece os meandros do seu Coração. Só Ele pode dizer-nos como se vai mais além da plataforma das palavras.

Pai…
Jesus abre-nos uma porta impensável. Ele não só nos autoriza como nos impele a usar o nome de Pai, o nome que carrega a familiaridade precisa para alcançar em cheio o Coração de Deus. Dizer Pai é fazer uma incisão nos cosmos, é perfurar o Céu! Dizer Pai dirigindo-nos a Deus é como solfejar todo o universo criado por Ele. Santificado, venha, faça-se, dai-nos perdoai-nos, não nos deixeis cair… são os compassos de um hino em que o coração inteiro se harmoniza com o Coração de Deus. Nunca poderemos rezar deveras a oração que Jesus nos ensinou sem esta reconciliação ou sintonia do coração.
Muitas vezes fazemos de Deus um empregado de balcão a quem formulamos pedidos a troco de palavras e de gestos vazios de nós mesmos… De facto a oração que Jesus nos ensinou é uma bateria de pedidos e na parábola o verbo pedir é chave! No entanto, amigos e amigas, este verbo está entrelaçado com outro: dar. A chave completa é esta: pedir para dar. Um pedido legítimo feito a Deus tem que nos requisitar para a dádiva de nós mesmos. Tem que transformar-nos num pão que se reparte…

Tornar-se pão
Esta parábola é uma história de amigos. E não são só dois os amigos, que estagnam num círculo fechado, mas uma trindade dinâmica que se torna manancial. A oração é um trato de amizade com Deus, diz Santa Teresa de Jesus. O Amigo é aquela meta que a confiança logra alcançar, sol na noite, voz que responde, porta que se abre, mão que (se) estende... Mas Jesus fala de insistência. Far-se-á Deus rogado? Somos nós que precisamos de insistir nos nossos desejos até saber pedir o Bem e alargar o nosso espaço interior para o receber. Ele sugere-nos que temos de passar de pedidos egoístas para aquela prece que nos transforma em dom para os demais. Esta parábola assegura-nos que, onde houver verdadeira oração, não haverá famintos de pão e de afecto, não haverá abandonados ao relento da noite, não haverá pedidos que se esvaem na indiferença, mas haverá homens e mulheres, saciados de Espírito Santo, dispostos a serem Eucaristia, a tornarem-se pão, como Jesus, para alimentar o mundo. Esta é a refeição do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou encontrar um tempo para rezar ao Pai e para abraçar o irmão.

REZAR A PALAVRA
Senhor, ensina-me a rezar, ensina-me a estar na tua presença, a contemplar o teu mistério.
Senhor, ensina-me a tua disponibilidade, a tua misericórdia incondicional e o teu perdão.
Senhor, ensina-me a tua amizade verdadeira, o teu sim à vida, o teu fazer-se pão.
Senhor, ensina-me o teu dar sem medida, o teu encontro permanente, a tua abertura de paz.

Senhor, ensina-me a amar!

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