sexta-feira, 4 de outubro de 2013

XXVII Domingo Comum C



Naquele tempo, os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé». O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’? Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’.

Caros amigos e amigas, hoje o Evangelho arrisca-se a fazer passar Deus por um patrão exigente que oprime os servos e não considera as suas canseiras. Mas não é de Deus que Jesus quer falar mas da fé dos crentes: daquela fé, minúscula e aparentemente inútil, capaz de belos milagres.

“Aumenta a nossa fé”
Este é o grito de socorro dos apóstolos após terem escutado da boca de Jesus as exigências do amor até à cruz, do perdão dos inimigos e da renúncia do dinheiro. Também nós, incapazes de viver o Evangelho, gostaríamos na nossa vida, assinalada de defeitos e incoerências, de uma fé mais clara e sólida, para enfrentar as tribulações. E, porque as condições evangélicas são exigentes, bradamos aos céus um suplemento de coragem e de fé.

“Fé como um grão de mostarda”
A resposta de Jesus é provocadora: basta uma inconfundível sementinha de fé para os efeitos serem inesperados e maravilhosos. A força da fé não se mede, nem aumenta em litros, metros ou quilos... É um quase nada microscópico, mas que sabor!
A fé é um grão, não se acumula! É pequena semente para dar vida, mais vida. É um mais da existência e um suplemento da alma! É ela que age nos subterrâneos da história sem ambicionar convulsivamente um lugar na cena do mundo. Só ela alcança a profundidade do coração e deixa marcas eternas e divinas. É um olhar, uma arte, um modo de ver o mundo como Deus o vê.
A fé é o acolhimento do dom que Deus faz de si próprio e, por isso, transtorna a ordem natural e lógica das coisas: o servo será convidado à mesa e o Mestre lavará os pés dos discípulos surpreendidos. A fé permite entrar num mundo novo onde Deus não é um tirano mas um amigo, onde a religião não é um código de regras mas é comunhão, e onde a oração não é um contrato comercial mas é acção de graças pelos dons recebidos.

Servos por amor
No fim, reconheceremos que fizemos apenas o que devíamos. Sem pretensões, exigências ou reivindicações. Sim, somos servos inúteis porque o mundo já está salvo! Sim, somos servos porque o amor pode esperar somente mais amor. Amar e servir é o único modo de criar uma história que humaniza e que planta sementes e árvores de mais vida nos desertos do mundo. É, ao mesmo tempo, um dom e um esforço, uma graça e uma gestação, uma iluminação e um combate, um atrevimento para inventar continuamente a caridade.
A fé não é então acreditar nalguma coisa, nem é decorar uma enciclopédia de ideias, mas é acreditar em alguém: n’Aquele que se fez Servo por amor. É acreditar na preciosa semente divina que o Pai lançou na história da humanidade: o seu Filho Jesus. Ele, caros amigos e amigas, é o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Em cada dia que me proponho viver o Evangelho, peço ao Senhor que aumente a minha fé!

REZAR A PALAVRA

Senhor, perante a tua grandeza, a minha pequenez assusta-me
perante a tua força e a tua perfeição, a minha limitação confunde-me.
Mas o teu amor unge-me, o teu amor é a energia activa no meu coração.
Coloco a minha esperança no teu amor, coloco a minha confiança no teu dom.
Tu és Aquele que não só cuida de mim, mas me levanta  e me promove,
Tu apostas em mim, a minha insgnificância é semente preciosa a teus olhos.
Concede-me, Senhor, a humildade de te entregar tudo o que tenho e sou

para a sementeira do teu Reino! Porque só tua é a energia, só de ti vem o milagre!

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