Naquele tempo, os Apóstolos
disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé». O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé
como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai
plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Quem de vós, tendo um servo a lavrar
ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te
à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires,
até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’? Terá de
agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando
tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos:
fizemos o que devíamos fazer’.
Caros amigos e amigas, hoje o Evangelho arrisca-se a fazer passar Deus por um patrão exigente que
oprime os servos e não considera as suas canseiras. Mas não é de Deus que Jesus
quer falar mas da fé dos crentes: daquela fé, minúscula e aparentemente inútil,
capaz de belos milagres.
“Aumenta a nossa fé”
Este é o grito de socorro
dos apóstolos após terem escutado da boca de Jesus as exigências do amor até à
cruz, do perdão dos inimigos e da renúncia do dinheiro. Também nós, incapazes
de viver o Evangelho, gostaríamos na nossa vida, assinalada de defeitos e
incoerências, de uma fé mais clara e sólida, para enfrentar as tribulações. E,
porque as condições evangélicas são exigentes, bradamos aos céus um suplemento
de coragem e de fé.
“Fé como um grão de
mostarda”
A resposta de Jesus é
provocadora: basta uma inconfundível sementinha de fé para os efeitos serem
inesperados e maravilhosos. A força da fé não se mede, nem aumenta em litros,
metros ou quilos... É um quase nada microscópico, mas que sabor!
A fé é um grão, não se
acumula! É pequena semente para dar vida, mais vida. É um mais da existência e
um suplemento da alma! É ela que age nos subterrâneos da história sem
ambicionar convulsivamente um lugar na cena do mundo. Só ela alcança a
profundidade do coração e deixa marcas eternas e divinas. É um olhar, uma arte,
um modo de ver o mundo como Deus o vê.
A fé é o acolhimento do
dom que Deus faz de si próprio e, por isso, transtorna a ordem natural e lógica
das coisas: o servo será convidado à mesa e o Mestre lavará os pés dos
discípulos surpreendidos. A fé permite entrar num mundo novo onde Deus não é um
tirano mas um amigo, onde a religião não é um código de regras mas é comunhão,
e onde a oração não é um contrato comercial mas é acção de graças pelos dons
recebidos.
Servos por amor
No fim, reconheceremos
que fizemos apenas o que devíamos. Sem pretensões, exigências ou
reivindicações. Sim, somos servos inúteis porque o mundo já está salvo! Sim,
somos servos porque o amor pode esperar somente mais amor. Amar e servir é o
único modo de criar uma história que humaniza e que planta sementes e árvores
de mais vida nos desertos do mundo. É, ao mesmo tempo, um dom e um esforço, uma
graça e uma gestação, uma iluminação e um combate, um atrevimento para inventar
continuamente a caridade.
A fé
não é então acreditar nalguma coisa, nem é decorar uma enciclopédia de ideias,
mas é acreditar em alguém: n’Aquele que se fez Servo por amor. É acreditar na
preciosa semente divina que o Pai lançou na história da humanidade: o seu Filho
Jesus. Ele, caros amigos e amigas, é o Evangelho!
VIVER A PALAVRA
Em cada dia que me proponho viver o Evangelho,
peço ao Senhor que aumente a minha fé!
REZAR A PALAVRA
Senhor, perante a tua grandeza, a minha pequenez assusta-me
perante
a tua força e a tua perfeição, a minha limitação confunde-me.
Mas o
teu amor unge-me, o teu amor é a energia activa no meu coração.
Coloco a
minha esperança no teu amor, coloco a minha confiança no teu dom.
Tu és
Aquele que não só cuida de mim, mas me levanta
e me promove,
Tu
apostas em mim, a minha insgnificância é semente preciosa a teus olhos.
Concede-me,
Senhor, a humildade de te entregar tudo o que tenho e sou
para a
sementeira do teu Reino! Porque só tua é a energia, só de ti vem o milagre!
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