quinta-feira, 7 de novembro de 2013

XXXII Domingo Comum C



Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?».
Disse-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos  de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».

Caros amigos e amigas, o Evangelho convida-nos a uma vida fecunda e à surpresa da ressurreição.

Uma história insólita
Uma pobre mulher, apesar de 7 maridos todos falecidos, nunca foi mãe…”. Até parece uma telenovela de fraca qualidade! A história dos saduceus, que testam Jesus com um caso ridículo, gira à volta da morte e da desventura de uma vida infecunda, estéril e de contínua desilusão: de quem será esposa a viúva na ressurreição? Talvez, como os saduceus, nos seja também mais fácil acreditar na evidência da morte e ficar acampados no calvário do que acreditar e viver da ressurreição. Talvez seja mais fácil resignar-se, inventar histórias e perder-se em filosofias, do que gerar a vida…

Ser filhos de Deus
Jesus, com a paciência típica de quem ama, revela que na eternidade desaparece a lógica do possuir, do haver, do tomar por esposo/a. Tudo será inútil, até mesmo o casamento, menos o amor. No céu tudo será mais vida e mais amor. À vida infrutuosa Jesus contrapõe a novidade da descendência: todos são “filhos de Deus”. Não é a morte a pautar a existência, mas é a vida que conduz a mais vida. Só a paixão pela vida é que faz florescer a nova vida.
A terra prometida está já em germinação. A comunhão futura está já esboçada nas fraternidades presentes: a nossa vida está grávida de ressurreição. Mesmo assim, a eternidade supera a nossa imaginação, porque Deus maravilha-nos continuamente com o seu amor. Não é a vida quotidiana que é referência para a eternidade, mas é a eternidade que transfigura e oferece um rumo diferente à nossa existência. A ressurreição não é uma fotocópia a cores da vida presente, um melhoramento das suas condições, sem problemas com a saúde, os vizinhos ou desilusões de amor. A vida nova será verdadeiramente nova! A ressurreição não é um requentado de uma existência recuperada, mas é um mistério de novidade e de paixão que narra o sonho e o desejo de Deus em superar os limites da vida.

“Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob”
O Deus de Jesus não está embalsamado ou sepultado em lugares vazios, mas é um “Deus de vivos”. O Deus de Jesus é o “Deus de Abraão, de Isaac, de…”. O nome de Deus mistura-se com a história das pessoas, une-se à pessoa amada. Aquele “de”, tão breve como um sopro, contém o segredo da eternidade e encerra uma força indissolúvel e recíproca. É um “de” que liga um amor inseparável: Deus pertence ao seu amor e o amado pertence a Deus. Deus não tem um nome próprio, mas sim o nome de quantos Ele ama. O nome de Deus interliga-se vitalmente com o nosso nome. Se aquele laço se dissolver é o próprio nome de Deus que desaparece (E. Ronchi).
Sim, Deus sonha entrar na nossa vida, penetrar o tempo que vivemos, arrancar-nos da morte e lançar-nos numa extraordinária aventura que peregrina para a eternidade. Sim, caros amigos e amigas, nem a vida, nem a morte, nada nos poderá separar do amor de Deus (S. Paulo). E isso é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou descobrir traços de ressurreição no meu viver quotidiano.

REZAR A PALAVRA
Senhor, fonte de vida fecunda, em germinação constante,
hoje trago-te a minha esterilidade, o meu vazio de sentido, as metas que desconheço;
hoje trago-te os medos permanentes e a escravidão nublada do meu buscar...
Acende a tua luz de vida, de cor, de paz, de fertilidade no campo nu da jornada.
Toca a harmonia da eternidade aos meus ouvidos esquecidos do teu colo que recria.

Senhor, fonte de vida fecunda, em germinação constante, és bom, és vida!

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