sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

EPIFANIA A 2011

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

Os sinais de Deus iluminam as nossas noites e abrem caminhos de aventura na descoberta do Seu amor por nós. Neste Domingo, em que Deus se manifesta a todos, sem distinção, tenhamos a coragem de ajoelhar perante a maravilha, sempre nova, do Seu amor.

Onde está o rei?
Quem acredita questiona-se. E esta é uma das interrogações que mais nos inquieta: Onde está o nosso rei? Porque não vem Ele transformar este mundo cinzento num arco-íris? Exigimos soluções e não vivemos as propostas que a Sua Palavra nos lança. Não nos satisfazem mais os sinais. Precisamos vê-lo, fazer experiência de Deus. Senti-lo em nós. A fé lança sementes de curiosidade espiritual na nossa caminhada de crentes; e é ela que nos faz sair dos nossos palácios para ir procurar o rei que acaba de nascer.

Ficou perturbado…
Mas há reis que nos deixam perturbados. Talvez este Jesus também nos inquiete. Aqueles que competem com as nossas ideias, aqueles que questionam as nossas metas, aqueles que põem em perigo os nossos jogos…são nossos inimigos…e ficamos perturbados quando sabemos que nasceram, que estão aí por perto. Deixamo-nos perturbar quando temos como certas as nossas riquezas e não encontramos no Menino de Belém o nosso único REI. Deixamo-nos perturbar quando não somos barro dócil nas mãos de Deus-Amor.

Entraram, viram, prostraram-se, adoraram e ofereceram
Vamos entrar no mistério e ver com os olhos da fé a candura do sorriso de Deus. Prostremo-nos, porque a nossa altivez não deixa que a luz do Menino brilhe na escuridão da noite. Adoremos a presença de Deus em nós, na nossa gruta…e ofereçamos o presente que Deus semeia em cada um de nós. Só o silêncio pode cantar a proximidade de Deus. Ele veio, Ele está, adoremos…

VIVER A PALAVRA
Vou ajoelhar perante a minha estrela, Jesus Cristo, e fazer silêncio,
porque deslumbrada por amor tão grande e tão pequenino…

REZAR A PALAVRA

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Revisões...com DEUS!

É costume fazer revisões para as Fichas de Avaliação, para as provas, para os exames…
No caminho com Deus também precisamos fazer revisões… não para passarmos no teste, mas para avançarmos com mais qualidade e determinação na vida espiritual.
Façamos então algumas revisões:

1. Enumerar 3 aspectos positivos e 3 negativos vivência pessoal neste momento.

2. Ler Jo 15, 1-17
1«Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. 2Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. 4Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. 6Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem. 7Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá. 8Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.»
9«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor. 11Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa. 12É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. 13Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. 14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhes-tes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá. 17É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.»

3. Deter-se durante algum tempo nas frases propostas… ou outras da passagem lida:
…sem mim, nada podeis fazer.
Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor.
É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. (Jo15)

4. Meditar a Palavra com ajuda desta breve reflexão:
Consciente de que sem Deus nada sou, nada posso fazer…
preciso permanecer nele,
não me afastar da sua graça,
não perder o contacto com a essência do amor,
não deixar de beber da fonte da felicidade,
permitir que em mim corra a seiva da verdade…

Que fazer para estar nele, para permanecer nele?
10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor.
Guardando os seus mandamentos mantenho vivo este laço de amor, que me vincula a Cristo Mestre. E, permanecendo no seu amor, estou nele, e tudo poderei ser e fazer.

Mas como guardar os seus mandamentos?
12É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. (Jo15)
Obedeço ao seu pedido quando amo como ele me ama e nos ama.
Esta é a palavra-passe para permanecer ligado à videira: AMAR.

Em suma, para permanecer nele, preciso amar, guardando assim os seus mandamentos.
Pelo amor, mantenho vivo o canal que me une a Ele. E, estando nele, permanecendo no seu amor, tudo poderei ser e fazer, porque será o amor a minha bandeira.

5. Responder com o coração:
a. Que sentimentos desperta na minha vida actual esta passagem?
b. Que quer Deus dizer-me com estas afirmações?
c. Que trazem elas de novo para a minha vida?
d. Que estou disposto(a) a mudar?

6. Fazer silêncio para escutar a força do Espírito…

7. Completar, em forma de poema, a proposta lançada, tentado construir no final um propósito para o novo ano que inicia, mediante a Palavra rezada.

Sem ti, Senhor






1 segundo para Deus


Queremos que o primeiro instante de 2011, um "segundo", seja dedicado à comunhão espiritual com todas as pessoas do planeta, independentemente das suas convicções religiosas.

“A ideia é de que, à medida que o novo ano fosse entrando em cada fuso horário, houvesse alguém com vontade de sair de si, em oração, meditação ou silêncio independentemente da sua sensibilidade religiosa”, promovendo “acima de tudo um encontro de humanidade”, coração a coração.

Propõe-se que o início de 2011 constitua, do “Oriente ao Ocidente”, uma “elevação espiritual” que possa “tocar todos os povos”, incluindo as “sensibilidades não religiosas” que “partilham o ser pessoa”.

Esta iniciativa ambiciona fazer “de uma nova década o início de um novo ciclo, aumentando a consciência universal da necessidade absoluta de ir para além das fronteiras religiosas, percebendo que Deus não tem religião nem limites filosóficos”.

“O ser um segundo é uma provocação. É evidente que é apenas o ínicio. Mas devagarinho, talvez consigamos passar uma mensagem diferente, que não seja só a do Natal ‘made in China’ [fabricado na China] ou da euforia neurótica dos gritos dos primeiros momentos do ano”.

“Uma relação de fé com Deus implica uma relação de intimidade com os outros”, pelo que as religiões têm deixar de ser “combustível” para conflitos que não são mais do que políticos.

Nas primeiras linhas do Génesis, livro que abre a Bíblia, “Deus começa solteiro”, manifestando-se num “espírito que paira sobre a superfície das águas”, e na última linha do Apocalipse, texto que encerra a Escritura, descreve-se “o encontro final” entre Deus e a humanidade.

1 segundo para Deus causes.com

DIA MUNDIAL DA PAZ

DA MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
BENTO XVI
PARA A CELEBRAÇÃO DO
XLIV DIA MUNDIAL DA PAZ
1 DE JANEIRO DE 2011

LIBERDADE RELIGIOSA, CAMINHO PARA A PAZ

É doloroso constatar que, em algumas regiões do mundo, não é possível professar e exprimir livremente a própria religião sem pôr em risco a vida e a liberdade pessoal.

Negar ou limitar arbitrariamente esta liberdade significa cultivar uma visão redutiva da pessoa humana; obscurecer a função pública da religião significa gerar uma sociedade injusta, porque esta seria desproporcionada à verdadeira natureza da pessoa; isto significa tornar impossível a afirmação de uma paz autêntica e duradoura para toda a família humana.

Por isso, exorto os homens e mulheres de boa vontade a renovarem o seu compromisso pela construção de um mundo onde todos sejam livres para professar a sua própria religião ou a sua fé e viver o seu amor a Deus com todo o coração, toda a alma e toda a mente (cf. Mt 22, 37).

Toda a pessoa é titular do direito sagrado a uma vida íntegra, mesmo do ponto de vista espiritual. Sem o reconhecimento do próprio ser espiritual, sem a abertura ao transcendente, a pessoa humana retrai-se sobre si mesma, não consegue encontrar resposta para as perguntas do seu coração sobre o sentido da vida e dotar-se de valores e princípios éticos duradouros, nem consegue sequer experimentar uma liberdade autêntica e desenvolver uma sociedade justa.

A liberdade religiosa deve ser entendida não só como imunidade da coacção mas também, e antes ainda, como capacidade de organizar as próprias opções segundo a verdade.
Uma liberdade hostil ou indiferente a Deus acaba por se negar a si mesma e não garante o pleno respeito do outro. É inconcebível que os crentes «tenham de suprimir uma parte de si mesmos – a sua fé – para serem cidadãos activos; nunca deveria ser necessário renegar a Deus, para se poder gozar dos próprios direitos».

Se a liberdade religiosa é caminho para a paz, a educação religiosa é estrada privilegiada para habilitar as novas gerações a reconhecerem no outro o seu próprio irmão e a sua própria irmã, com quem caminhar juntos e colaborar para que todos se sintam membros vivos de uma mesma família humana, da qual ninguém deve ser excluído.

A família é a primeira escola de formação e de crescimento social, cultural, moral e espiritual dos filhos, que deveriam encontrar sempre no pai e na mãe as primeiras testemunhas de uma vida orientada para a busca da verdade e para o amor de Deus. Os próprios pais deveriam ser sempre livres para transmitir, sem constrições e responsavelmente, o próprio património de fé, de valores e de cultura aos filhos.

Embora movendo-se a partir da esfera pessoal, a liberdade religiosa – como qualquer outra liberdade – realiza-se na relação com os outros. Uma liberdade sem relação não é liberdade perfeita. Também a liberdade religiosa não se esgota na dimensão individual, mas realiza-se na própria comunidade e na sociedade, coerentemente com o ser relacional da pessoa e com a natureza pública da religião.

O fanatismo, o fundamentalismo, as práticas contrárias à dignidade humana não se podem jamais justificar, e menos ainda o podem ser se realizadas em nome da religião. A profissão de uma religião não pode ser instrumentalizada, nem imposta pela força.

A busca sincera de Deus levou a um respeito maior da dignidade do homem. As comunidades cristãs, com o seu património de valores e princípios, contribuíram imenso para a tomada de consciência das pessoas e dos povos a respeito da sua própria identidade e dignidade, bem como para a conquista de instituições democráticas e para a afirmação dos direitos do homem e seus correlativos deveres.
Também hoje, numa sociedade cada vez mais globalizada, os cristãos são chamados a oferecer a sua preciosa contribuição para o árduo e exaltante compromisso em prol da justiça, do desenvolvimento humano integral e do recto ordenamento das realidades humanas.

A mesma determinação, com que são condenadas todas as formas de fanatismo e de fundamentalismo religioso, deve animar também a oposição a todas as formas de hostilidade contra a religião, que limitam o papel público dos crentes na vida civil e política.

No respeito da laicidade positiva das instituições estatais, a dimensão pública da religião deve ser sempre reconhecida. Para isso, um diálogo sadio entre as instituições civis e as religiosas é fundamental para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da harmonia da sociedade.

A estrada indicada não é a do relativismo nem do sincretismo religioso. De facto, a Igreja «anuncia, e tem mesmo a obrigação de anunciar incessantemente Cristo, “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6), em quem os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou consigo mesmo todas as coisas». Todavia isto não exclui o diálogo e a busca comum da verdade em diversos âmbitos vitais, porque, como diz uma expressão usada frequentemente por São Tomás de Aquino, «toda a verdade, independentemente de quem a diga, provém do Espírito Santo».

Em 2011, tem lugar o 25º aniversário da Jornada Mundial de Oração pela Paz, que o Venerável Papa João Paulo II convocou em Assis em 1986. Naquela ocasião, os líderes das grandes religiões do mundo deram testemunho da religião como sendo um factor de união e paz, e não de divisão e conflito. A recordação daquela experiência é motivo de esperança para um futuro onde todos os crentes se sintam e se tornem autenticamente obreiros de justiça e de paz.

A defesa da religião passa pela defesa dos direitos e liberdades das comunidades religiosas.

Dirijo-me, por fim, às comunidades cristãs que sofrem perseguições, discriminações, actos de violência e intolerância, particularmente na Ásia, na África, no Médio Oriente e de modo especial na Terra Santa, lugar escolhido e abençoado por Deus. Ao mesmo tempo que lhes renovo a expressão do meu afecto paterno e asseguro a minha oração, peço a todos os responsáveis que intervenham prontamente para pôr fim a toda a violência contra os cristãos que habitam naquelas regiões. Que os discípulos de Cristo não desanimem com as presentes adversidades, porque o testemunho do Evangelho é e será sempre sinal de contradição.

O nosso grito de dor seja sempre acompanhado pela fé, pela esperança e pelo testemunho do amor de Deus

O mundo tem necessidade de Deus; tem necessidade de valores éticos e espirituais, universais e compartilhados, e a religião pode oferecer uma contribuição preciosa na sua busca, para a construção de uma ordem social justa e pacífica a nível nacional e internacional.

A paz é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, um projecto a realizar, nunca totalmente cumprido. Uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz, que não é simples ausência de guerra, nem mero fruto do predomínio militar ou económico, e menos ainda de astúcias enganadoras ou de hábeis manipulações. Pelo contrário, a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada.

Convido todos aqueles que desejam tornar-se obreiros de paz e sobretudo os jovens a prestarem ouvidos à própria voz interior, para encontrar em Deus a referência estável para a conquista de uma liberdade autêntica, a força inesgotável para orientar o mundo com um espírito novo, capaz de não repetir os erros do passado. É preciso, antes de mais nada, proporcionar à Paz outras armas, que não aquelas que se destinam a matar e a exterminar a humanidade.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2010.

BENEDICTUS PP XVI

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SEGREDO DE DEUS


Deus segreda-nos o Seu infinito amor por Jesus Cristo,
a magia de Deus que desce
até à nossa cegueira para nos iluminar,
até à nossa fome para nos alimentar,
até à nossa solidão para nos acompanhar.

Deus está...
deixemo-nos tocar pelo Seu segredo...
Feliz Natal!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

...ESTRELA...

AS TRÊS LUZES

As três luzes…
Para ver não basta ter olhos. É preciso ter luz. E vemos o que vemos à imagem e semelhança da luz que temos…
Se a luz é fraca, fraca será a visão.
Se a luz é boa, a visão já será clara.
Além disso, as coisas tornam-se diferentes segundo as luzes que usamos. Com uma lâmpada de luz azul, todas as coisas se tornam azuis aos nossos olhos. Se tirarmos essa lâmpada e usarmos uma vermelha, todas as coisas se tornarão vermelhas…
Mas, falar de diversas luzes, é muito mais do que isto… Porque tudo pode ser visto a vários níveis. Não estamos condenados a ver somente a casca da existência. Para sermos capazes de conhecer verdadeiramente as pessoas com quem nos encontramos e percebemos profundamente as situações com que nos deparamos, temos que aprender a olhar por dentro, a ver fundo.

Na nossa vida há três luzes fundamentais: a luz do sol, a luz da inteligência e a luz da Fé.

A luz do sol ou das lâmpadas é a luz exterior que nos faz ver a casca de todas as coisas, a aparência de todas as pessoas e a forma de todos os acontecimentos. Mas não mais que isso… A esta luz, as coisas são sempre o que parecem. Tudo é apenas o que parece e aparece, o que se torna numa fonte inesgotável de equívocos…
É preciso descobrir uma luz que nos faça ver mais fundo, mais dentro…

A luz da inteligência é a luz racional que nos faz perceber o que as coisas são, as pessoas representam e os acontecimentos significam, para além das suas aparências e experiências imediatas. Mas viver é muito mais que raciocinar… A vida não é obrigatoriamente lógica! Ser pessoa é construir-se, num entretecido de opções, relações, escolhas, atitudes, recomeços…
A inteligência não chega para sermos felizes nem para nos construirmos de maneira sábia. Há realidades fundamentais na nossa construção pessoal que não são lógicas, como perdoar, por exemplo! Depois de sermos traídos, magoados, não é racionalmente lógico perdoar. Nesses momentos é clara a nossa razão a dizer-nos que perdoar não é mais do que abrir a porta a deixar-se magoar outra vez. Não é lógico “dar a outra face…” Mas… nós somos mais do que a nossa razão… A razão sem coração consegue chegar a extremos de desumanização…
É preciso, por isso, descobrir uma luz que nos faça ver ainda mais dentro, mais fundo…

A luz da Fé é a luz da Sabedoria que nos faz construir a vida como projecto chamado à plenitude. Por ela, todas as coisas se transfiguram aos nossos olhos! Os outros tornam-se irmãos e os acontecimentos tornam-se desafios a renascermos permanentemente de novo. Já não se trata simplesmente de perceber a realidade nos seus movimentos, na sua lógica, mas sim perceber o seu Sentido. A luz do sol e das lâmpadas faz-nos ver o que as coisas parecem. A luz da inteligência faz-nos ver o que as coisas são no âmbito da lógica racional. A luz da Fé faz-nos ver o que as coisas são no âmbito do seu Sentido, ou seja, o que estão chamadas a ser.
A luz da inteligência abre-nos à capacidade do raciocínio. A luz da Fé abre-nos à arte da Sabedoria de Viver! Percebemos a vida como projecto sonhado e amado por Deus, que brota do Amor e nele se plenifica! Damo-nos conta dos motivos válidos para viver, dos tesouros importantes a perseguir, das metas pelas quais vale a pena cansar-se…
A luz da Fé faz-nos ver com o olhar de Jesus, retira-nos dos olhos todas as escamas, pouco a pouco, como a Paulo (Act 9, 18). Ver como Jesus vê é olhar os outros, os acontecimentos e a vida de olhos limpos, desimpedidos de preconceitos, mágoas, rancores… É olhar tudo e todos à luz do Amor e da Verdade…
Como cristãos temos que iluminar todas as realidades com a luz da Fé. É esse o segredo da sabedoria e do testemunho que o Evangelho nos pede no dia-a-dia. Que saibamos olhar e ver tudo e todos a uma nova luz, que não é do mundo.
“A Tua Palavra, Senhor, é candeia para os meus passos e luz no meu caminho!” (Sl 119, 105)
Rui Santiago cssr

Mt 2, 1-18
Os Magos do Oriente - 1Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. 2E perguntaram: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.» 3Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. 4E, reunindo todos os sumos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. 5Eles responderam: «Em Belém da Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta:
6E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades da Judeia;
porque de ti vai sair o Príncipe que há-de apascentar o meu povo de Israel.»
7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes informações exactas sobre a data em que a estrela lhes tinha aparecido.
8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino; e, depois de o encontrardes, vinde comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.» 9Depois de ter ouvido o rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou. 10Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; 11e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra.

A luz deste Natal

Vimos a estrela e viemos adorá-lo
A acomodação cega-nos. A disponibilidade ilumina a nossa fraternidade.
Precisamos descobrir a luz que o outro traz dentro de si, só assim nos tornaremos humildes.
As estrelas do mundo, com o seu brilho fácil, ofuscam o brilho diferente da Estrela de Jesus.

E a estrela ia adiante deles
Que estrelas nos guiam? Que metas queremos alcançar? Quais os nossos sonhos?
Como construímos o caminho da nossa história? Com que meios?
Somos estrelas? Como orientamos a nossa luz?

Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria… e adoraram-no.
Onde nos conduzem as “nossas estrelas”?
Precisamos de “guias/estrelas”? Qual é a nossa estrela?
Que relação temos com a nossa estrela?


ORAÇÃO

Senhor, Tu és:
Minha LUZ, quando a noite nunca termina,
Meu CAMINHO, quando as encruzilhadas são confusas,
Meu SOL,no céu dos dias cinzentos,
Meu OÁSIS, quando o caminho é poeirento,
Minha FONTE, quando o solo racha pela secura,
Minha MONTANHA, quando a profundidade dos vales me inquieta,
Meu JARDIM, quando a cidade cresce muito depressa,
Minha SABEDORIA, quando a razão assalta o coração,
Minha ESPERANÇA, quando a terra tem a cor de sempre,
Minha PAZ, quando eu faço guerra,
Minha VIDA, quando o meu coração deixou de bater,
Meu CANTO, quando as palavras me faltam,
Minha JUVENTUDE, quando o cansaço me oprime,
Minha ALEGRIA, quando a tristeza se ri de mim,
Minha ALELUIA, quando o pecado é pesado e duro,
Minha BRISA, quando me sinto abafado,
Minha VERDADE, quando me sinto abalado,
Minha CLAREIRA, quando as sombras me assaltam,
Meu CORAÇÃO, quando não encontro o meu,
Meu SENHOR, quando procuro tudo dominar,
Minha VITÓRIA, quando tenho de lutar,
Meu HORIZONTE, quando os meus olhos estão nublados,
Minha ESTRELA, quando …

sábado, 18 de dezembro de 2010

IV Domingo do Advento A

O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo:
Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados».
Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz:
«A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’».
Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa. (Mt 1, 18-24)

As propostas do Senhor questionam as nossas resoluções, por mais justas que possam parecer. No IV Domingo do Advento, a Palavra de Deus revela-nos um Deus atento que penetra o mais íntimo de nós próprios e nos faz sonhar…

…resolveu…
Todos os momentos da nossa vida são momentos de decisão. Constantemente tomamos resoluções, mais ou menos justas. Pensamos, ponderamos e resolvemos. Mas são muitas as vezes que o fazemos em segredo. Guardamos segredo, a Deus, dos nossos discernimentos e tornamo-nos impermeáveis à acção do Espírito, fonte de verdadeira justiça. Não basta decidir à luz da razão, o discípulo de Cristo deixa que seja o Espírito a decidir.

…não temas…
A disponibilidade gera a surpresa. José, justo e disponível, sonha; faz-se permeável à acção dinâmica e criativa de Deus. Esta relação de acolhimento e de humildade dá-lhe segurança e compromete-o directamente na missão. “Sem sonhos, as pedras dos caminhos tornam-se montanhas”. Quem sonha deixa de fugir e de viver no segredo. Aquele que arrisca sonhar, suja as mãos no serviço ilimitado e na aventura de um Sim constante a Deus.

…despertar do sonho…
Pelo sonho, a fuga dá lugar ao compromisso. “Os sonhos são bússolas do coração, são projectos de vida; eles renovam a esperança quando o mundo desaba sobre nós.” Quem sonha não desiste, desperta para o amor. Despertar do sonho é torná-lo realidade, construir o querer de Deus em nós, ser instrumento de paz e bem num mundo adormecido...

VIVER A PALAVRA
É tempo de estar atento aos sonhos que Deus coloca em mim.
Ao despertar de cada dia faço como o Senhor me ordenara?


REZAR A PALAVRA
Senhor, quero sonhar:
ter um coração justo e atento,
audaz e acolhedor,
como o de Maria e José.
Senhor, quero despertar:
abrir horizontes de paz,
lançar sementes de amor e
contemplar-te como Deus-connosco.

domingo, 12 de dezembro de 2010

III Domingo de Advento

Naquele tempo, João Baptista ouviu falar na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis:
os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele». (Mt 11,2-11)

Uma onda de esperança perpassa este III Domingo do Advento, o Domingo da alegria. Onda capaz de fazer destilar a genuína alegria, aquela que se alicerça na certeza de que Deus está com o seu povo, comigo, contigo… e nos providencia a salvação. E nós temos que o contar!

Um advento de esperança
Só quem espera, poderá ver surgir no horizonte os sinais inequívocos da visita de Deus! Nós sabemos Quem devemos esperar e não queremos perder-nos na ambiguidade de esperar outro(s)! Por onde passa, Deus deixa um rasto de salvação, que penetra todas as fortalezas e alvoroça todas as prisões. A de João Baptista. As nossas também! Embora nem sempre seja fácil deixar que as nossas doenças… e mortes sejam tocadas por Deus, ou por não as admitir, ou por não as identificar, não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar a “época de promoções” que Ele está a esbanjar!

O requinte da simplicidade
João Baptista é para nós o modelo do profeta do advento de Jesus! Morador entre o silêncio e a nudez do deserto, num espaço habitado apenas pela voz de Deus. Uma coluna erguida entre o velho e o novo, que medeia o antes e o depois. É profeta, pois prescinde do acessório e cobre-se apenas com a veste da filiação divina. É este requinte de simplicidade, livre de toda a maquilhagem exterior, que nos deixa expostos à acção de Deus, o único capaz da profecia. E somos chamados a ser profetas! É necessário sair dos palácios de reis auto-suficientes, que nos julgamos, despir os disfarces que nos distorcem a identidade, a roupagem que não nos agasalha e as “seguranças” que nos aprisionam, para acolher o horizonte com olhos deslumbrados de criança…

Ide contar…
Depois cabe-nos demonstrar o rasto de salvação que Jesus deixa na passagem pela nossa vida. Ser estes pobres capazes de conter e de contar o seu amor. Há demasiados sedentos de vida, à nossa volta, agonizando por falta de referências. E sem saberem. Urge preparar o caminho que lhes trará Jesus. Cabe-nos contar… fazer ver! Não com a monocórdica recitação de teorias sem vida, mas com a voz incendiada no Espírito Santo; com o perfume dos gestos entregues ao operar de Deus, com os lábios possuídos pelo Evangelho, contar com os sorrisos, os olhares e os silêncios, com a transparência de cada pormenor que emanamos. Cabe-nos ser revelação do puro milagre de Deus!

VIVER A PALAVRA

Serei sinal do advento de Jesus, através dos meus gestos transfigurados pela alegria.


REZAR A PALAVRA

domingo, 5 de dezembro de 2010

II Domingo de Advento

Naqueles dias, apareceu João Baptista a pregar no deserto da Judeia, dizendo: «Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus». Foi dele que o profeta Isaías falou, ao dizer: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». João tinha uma veste tecida com pêlos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre. Acorria a ele gente de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região do Jordão; e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. Ao ver muitos fariseus e saduceus que vinham ao seu baptismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai acções que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é o nosso pai’, porque eu vos digo: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. Por isso, toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo. Eu baptizo-vos com água, para vos levar ao arrependimento. Mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu, e não sou digno de levar as suas sandálias. Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo. Tem a pá na sua mão: há-de limpar a eira e recolher o trigo no celeiro. Mas a palha, queimá-la-á num fogo que não se apaga». (Mt 13, 1-12)

O Senhor reclama acolhimento! Neste Domingo, o Espírito impele-nos a uma mudança de vida para melhor acolhermos aquele que vem, que está e que nos transforma pelo fogo. A palavra-chave é arrependei-vos.

Vem aí o Reino!
Que implicações tem na nossa vida esta certeza?
O Reino de Deus já está, o amor de Deus já nos habita. Deus não gosta de nos fazer esperar, mas precisa que lhe abramos a porta do nosso íntimo. Como nos preparamos para a Sua chegada, para a Sua presença constante na nossa vida? Desejamos mesmo que Ele venha morar connosco? Precisamos que o Reino de Deus venha? Mesmo com os corações fechados à Sua graça e precisando tanto de um sincero arrependimento, é Ele quem vem ao nosso encontro, é Ele que espera por nós.

Preparai o caminho do Senhor!
É tempo de preparar a nossa terra, para que os espinhos, os pássaros, as pedras e o Sol não destruam as sementes que o Senhor coloca em nós neste Advento. Ele vem ao encontro de cada um de nós. Urge “preparar o caminho e endireitar as Suas veredas” para que “as acções que praticamos sejam conformes ao nosso arrependimento”. Que fazer neste deserto para que a flor do amor desabroche? Como gritar o arrependimento, porque o Senhor anseia por nós?

Trigo e/ou palha?
“Aquele que vem é mais forte…baptiza no Espírito Santo e no fogo.” Fogo que queima a palha que somos. Arrependermo-nos é deixar que Deus nos limpe e recolha o trigo que há em nós para o celeiro do Reino, queimando a palha que nos escraviza. Sejamos eucaristia, num mundo vazio de Deus, num presépio ocupado por outros meninos que não o Salvador.

VIVER A PALAVRA
Neste tempo de acolhimento vou deixar-me purificar pela Palavra e pelo Espírito que prepara em mim o caminho para o Senhor que vem.


REZAR A PALAVRA

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Precisamos de santos!

Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e tênis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.
Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se "lascam" na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem sua castidade.
Precisamos de Santos modernos, santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida em nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc man.
Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refri ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de esporte.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.
Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos".
(João Paulo II)

Clara de Assis

...sem o Espírito...

Sem o Espírito Santo,
Deus fica longe;
Cristo permanece no passado;
o Evangelho é letra morta;
a Igreja é uma simples organização;
a autoridade é um poder;
a missão é propaganda;
o culto, uma velharia;
e o agir moral, é um agir de escravos.

Mas, no Espírito,
o cosmos é enobrecido pela geração do Reino;
Cristo ressuscitado torna-Se presente;
o Evangelho faz-se poder e vida;
a Igreja realiza a comunhão trinitária;
a autoridade transforma-se em serviço;
a liturgia é memorial e antecipação;
o agir humano é deificado!
(Atenágoras)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quero subir!

Senhor,
Quero experimentar o teu amor,
Aproveitar a tua presença,
Gozar do teu estar.
Quero, contigo, ser feliz.
Aprender a receber-te.
Saborear o teu olhar.

Quero subir ao monte
E sair da confusão.
Quero alcançar a fonte
Da água que me sacia
E que te brota do coração.

Quero ser diferente
Quero escutar a tua voz.
Quero correr para ti.
Entrego-te meu coração frio,
Mas crente.

Anseio ser semelhante a ti.
Anseio receber-te na minha casa,
Suja e indigna,
Mas que te deseja acolher,
Mesmo na noite calada.

Senhor,
Ajuda-me a experimentar-te,
Ajuda-me a ser feliz contigo,
Ajuda-me a subir ao monte,
Ajuda-me a alcançar a tua fonte,
Ajuda-me a ser diferente,
Ajuda-me a escutar-te,
Ajuda-me a correr para o teu abraço.

Dá-me, senhor, coragem
Para dizer sim.

...cada migalha do Teu pão...

Senhor,
Há alturas em que paro para pensar e me questiono:
O que preciso para ser feliz?

Talvez se ninguém me contrariasse eu seria feliz;
Talvez se pudesse forçar os outros a seguirem as minhas ideias e vontades eu seria feliz;
Talvez se ninguém me incomodasse quando procuro alguma serenidade eu seria feliz;
Talvez se ninguém fosse falso ou injusto para comigo eu seria feliz;
Talvez se todos me perdoassem quando erro ou caio eu seria feliz;
Talvez se os outros mudassem para tentarem ser melhores eu seria feliz;
Talvez se as pessoas corrigissem os seus defeitos eu seria feliz;
Ou…Talvez eu seria feliz se possuísse todos os bens e todas as riquezas possíveis...

Tu mostras-me que sou feliz
quando vejo em Ti toda a minha riqueza,
Mostras-me que posso ser feliz
quando vivencio o mistério da verdade,
quando não acontece tudo conforme planeado
e mesmo quando dói ouvir um “não”.

Mostras-me que sou feliz quando permito, a todos,
agir com liberdade e ouço mais vozes para além da minha, sendo capaz de aceitar opiniões diferentes.
Sou feliz quando Te escuto.
Tu mostras-me que sou feliz
quando construo a minha tranquilidade
com a paz dos outros,
não negando ajudar quem me procura
e criando estabilidade e harmonia à minha volta.

Mostras-me que sou feliz
sempre que luto não só pela minha justiça
mas também pela Tua
e por todos os julgados e rotulados injustamente.

Tu mostras-me que serei feliz
quando for capaz de aceitar críticas e até ofensas,
usando-as para me tornar melhor como pessoa.
Mostras-me que poderei ser feliz quando conseguir manter um coração puro como o de Maria.
Mostras-me que serei feliz
quando deixar de apontar o dedo aos erros dos outros
e aprender a reconhecer os meus próprios erros.

Tu me mostras que posso encontrar a minha felicidade saboreando cada migalha de pão
e cada gota de água que me dás.
Posso encontrar a minha felicidade
semeando a Tua palavra,
mesmo que por isso eu possa ser julgada e condenada
ou que para isso eu tenha que remar
contra todas as ondas do mar.
Mostras-me que sou feliz ao “ser semente do evangelho”.

Porque hei-de eu viver das incertezas dos meus “ses” quando Te tenho ao meu lado
a guiar-me no rumo certo para a felicidade?

domingo, 9 de maio de 2010

Como o coração de Maria...


Senhor,
Dá-me um coração enamorado,
Como o coração de Maria,
Para confiar em Ti
Mesmo quando tudo parece ilógico.

Senhor,
Dá-me um coração generoso,
Como o coração de Maria,
Para deixar de lado
O olhar egoísta e egocêntrico.

Senhor,
Dá-me um coração aberto à Tua Palavra,
Como o coração de Maria,
Para aceitar os Teus projectos
Mesmo quando são contra a minha vontade...

Senhor,
Dá-me um coração puro,
Como o coração de Maria,
Para ter a coragem de me livrar
De toda a sujidade que transporto.

Senhor,
Toma posse do meu coração.

sábado, 1 de maio de 2010

...novo mandamento...

31Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus. 32E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-la muito em breve.»
33«Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: ‘Para onde Eu for vós não podereis ir’, também agora o digo a vós. 34Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. 35Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos:se vos amardes uns aos outros.»


Tema tipicamente joanino o do amor.
Ser cristão significa amar a Jesus, acolher o Seu amor e amar os outros como Ele nos ama.
O mandamento novo do amor, não é uma simples exigência moral que podemos cumprir por um acto de vontade. É um começo da história que Deus sonha para nós, na qual desmascaramos e expulsamos aquele egocentrismo, tão profundamente arraigado em nós.
Por meio das Suas palavras e do Seu exemplo, Jesus capacita-nos para esse amor que não transforma só a nós mesmos, mas é fermento de um mundo melhor.
Ao aceitar este convite do Senhor, tornamo-nos portadores da Sua herança, instrumentos da Sua misericórdia, mensageiros da novidade, da surpresa, da beleza.
Amar como Jesus ama, implica, primeiramente, experimentar o amor de Jesus por nós. Só quem se sente profundamente amado, aprende a amar. Este amor mútuo parte, assim, da relação íntima de amor que estabelecemos com o Mestre.


Mandamento novo…
Novo!!!
Onde está a novidade deste convite?

O amor é sempre novo
nos ouvidos de quem não escuta,
é sempre novo
nas mãos que se fecham,
é sempre novo
nos olhos que julgam e desprezam.

O amor é sempre novo
no coração de pedra,
é sempre novo
nos pés que desistem,
é sempre novo
na dor de quem sofre,
é sempre novo
no escuro da solidão.

O amor é sempre novo
na ânsia do poder,
na cegueira do prazer,
na violência do ter…

O amor é sempre novo
na vida vazia de sentido
na estrada faminta de sonhos
na história sedenta de paz.

Urge sempre amar…
O amor é sempre novo…


domingo, 18 de abril de 2010

Vocações

Com base na Mensagem do Papa para a
47ª Semana de Oração pelas Vocações


…a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da ação gratuita de Deus, mas é favorecida também pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo.
O testemunho dos consagrados move-me? Porquê?

Já no Antigo Testamento os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição. A tarefa, que Deus lhes confiara, envolvia-os completamente, como um «fogo ardente» no coração impossível de conter (cf. Jr 20,9), e, por isso, estavam prontos a entregar ao Senhor não só a voz, mas todos os elementos da sua vida.
Que pretendo anunciar com a tua vida?
Que barreiras encontro nesse caminho?

Na plenitude dos tempos, será Jesus, o enviado do Pai (cf. Jo 5,36), que, através da sua missão, testemunha o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres. Jesus é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem.
O que admiro mais em Jesus de Nazaré?

Também a vocação de Pedro, conforme no-la descreve o evangelista João, passa pelo testemunho de seu irmão André; este, após ter encontrado o Mestre e aceite o seu convite para permanecer com Ele, logo sente necessidade de comunicar a Pedro aquilo que descobriu «permanecendo» junto do Senhor: «“Encontramos o Messias” (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus» (Jo 1,41-42). O mesmo aconteceu com Natanael – Bartolomeu –, graças ao testemunho doutro discípulo, Filipe, que cheio de alegria lhe comunica a sua grande descoberta: «Acabamos de encontrar Aquele de quem escreveu Moisés na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo 1,45). A iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino.
Como caracterizas alguém que é verdadeiro testemunho de Jesus Cristo?

Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d’Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo «visto» pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele.
Desejas amar e permanecer com Ele? Como?

A figura de Jesus que, na Última Ceia, Se levanta da mesa, depõe o manto, pega numa toalha, ata-a a cintura e Se inclina a lavar os pés aos Apóstolos, exprime o sentido de serviço e doação que caracterizou toda a sua vida, por obediência à vontade do Pai (cf. Jo 13,3-15). No seguimento de Jesus, cada pessoa chamada a uma vida de especial consagração deve esforçar-se por testemunhar o dom total de si mesma a Deus. A história de cada vocação cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo aos irmãos por amor do Reino dos Céus.
Como podes viver esta dimensão do serviço?

A própria existência dos religiosos e religiosas fala do amor de Cristo, quando O seguem com plena fidelidade ao Evangelho e assumem com alegria os seus critérios de discernimento e conduta. Tornam-se «sinais de contradição» para o mundo, cuja lógica frequentemente é inspirada pelo materialismo, o egoísmo e o individualismo. A sua fidelidade e a força do seu testemunho, porque se deixam conquistar por Deus renunciando a si mesmos, continuam a suscitar no ânimo de muitos jovens o desejo de, por sua vez, seguirem Cristo para sempre, de modo generoso e total. Imitar Cristo casto, pobre e obediente e identificar-se com Ele: eis o ideal da vida consagrada, testemunho do primado absoluto de Deus na vida e na história dos homens.
O que mais te atrai na Vida Religiosa?

Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens refletirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gérmen de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-Lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade.

sábado, 17 de abril de 2010

Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem…



1Algum tempo depois, Jesus apareceu outra vez aos discípulos, junto ao lago de Tiberíades, e manifestou-se deste modo: 2estavam juntos Simão Pedro, Tomé, a quem chamavam o Gémeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. 3Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.» Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. 4Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. 5Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.» 6Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.»Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar.
7Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água. 8Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros. 9Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão. 10Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora.» 11Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. 12Disse-lhes Jesus: «Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe. 14Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. (Jo 21)

Mais uma manhã… uma manhã de mistério… de ressurreição.
Após uma noite de cansaço e frustração, de esforço e desânimo, de decepção e improdutividade, o ressucitado aparece. E quando Ele chega, a manhã cinzenta transforma-se, a noite da frustração muda de aspecto.
À pergunta de Jesus «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?», as mãos vazias dos diccípulos são a resposta. Então Jesus propõe a solução para que possam encontrar o que procuram. Fazer o mesmo que sempre têm feito, mas segundo a Sua orientação e a Sua Palavra: lançar as redes para o lado direito. A novidade desta proposta não está no que se faz, mas na obediência. A “pesca sem sucesso” surge da iniciativa humana, a “pesca milagrosa” nasce da proposta de Jesus Ressucitado. Precisamos ouvir a Palavra de Jesus e executar consciente e atentamente os nossos afazeres diários. Assim virão os resultados e a palavra de Jesus nos guiará para o fundo do nosso mar interior.
Quando a rede se enche, da totalidade (153 grandes peixes), o discípulo atento, o discípulo que Ele amava, dá-se conta que é Jesus que está na margem: «É o Senhor!». O amor reconhece o ressucitado no meio das actividades diárias, no meio do trabalho, da escola, da viagem. O ressuscitado está connosco. Mas é necessário um olhar de amor para perceber a sua presença.
E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?». Os cristãos acreditam, não perguntam. Por ser o Senhor que está no meio deles, a manhã cinzenta transforma-se num clima de intimidade e de amor. Na celebração eucaristica experimentamos a ressurreição, a presença de Jesus.
É nas coisas simples do dia-a-dia que o véu é tirado, que se faz a expriência do ressuscitado, que a manhã cinzenta se torna colorida, que pescamos felicidade dentro de nós. Basta que vivamos atentos e obedientes à Palavra e tenhamos um olhar cheio de amor para reconhecer Jesus ressuscitado.
(Jesus Porta para a vida, Anselm Grün, com adaptações)


Vou pescar,
Lançar as redes da vida
Para encontrar alimento
Que sacie a minha sede de felicidade.

Vou pescar,
Experimentar o gozo da aventura,
Da procura de sentido
Para o sonho que constróis em mim.

Vou pescar,
Partilhar a alegria do serviço
A graça da fraternidade
O mistério e o risco da comunhão.

Mas…não apanharei nada…
as redes surgirão vazias…
o esforço de nada valerá…
Se não lançar as redes segundo tua proposta,

Quero olhar com amor para te reconhecer
E as manhãs cinzentas da frustração
Se tornarem coloridas, proque Tu estás…


quarta-feira, 7 de abril de 2010

...porque choras?...

E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem procuras?»

Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» (JO 20)

domingo, 4 de abril de 2010

"...não sabemos onde o puseram."

1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. 2Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.» 3Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou. 6Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão, 7ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição. 8Então, entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, 9pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. 10A seguir, os discípulos regressaram a casa. (Jo 20)


Aquela manhã começa envolta em mistério. A pedra que guardava o túmulo tinha sido retirada. Como? Porquê? Que terá acontecido?
A única certeza é que Jesus não estava lá.
Maria Madalena procura ajuda. O Senhor tinha sido levado e não sabia onde o puseram…
Pedro e João, não só vão, como correm até ao local vazio de certezas, mas cheio de mistério.
Resssalta a figura do discípulo amado que, chegando primeiro ao túmulo se inclina, observa e repara. Pedro entra primeiro e admira-se. João entra de seguida, vê e começa a crer.
A Páscoa não cabe na nossa lógica humana. Precisamos aspirar às coisas do alto para que a Ressurreição do Senhor dê sentido à nossa história.
Não sabemos onde o puseram?
Ou sabemos bem onde Ele está?


Procuro cedo, ainda escuro,
O sinal da tua presença
E encontro
Um local vazio de certezas
E cheio de mistério.
Não entendo,
Não sei onde te puseram.

Quero correr,
Para te encontrar na ajuda,
Na caridade fraterna.

Quero inclinar-me,
Abeirar-me do mistério
Para escutar os teus sinais.

Quero observar,
Estar atenta ao que me rodeia,
Onde tu habitas.

Quero reparar,
Discernir tudo quanto
Possa ser tua proposta.

Quero entrar,
Estar contigo,
Fazer parte de ti.

Quero admirar-me,
Surpreender-me
Com o teu amor.

Quero ver,
Conhecer-te,
Contemplar a tua misteriosa presença.

Quero crer
Que não estás no túmulo
Porque estás em mim…



quarta-feira, 17 de março de 2010

…ficou só Jesus e a mulher…



1Jesus foi para o Monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar. 3Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio 4e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. 5Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» 6Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. 7Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» 8E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. 9Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. 10Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» 11Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.» (Jo 8)

Como quer que entendamos os gestos de Jesus, certo é que consegue deixar inseguro quem acusa. Ele os remete à sua própria condição terrena, mesmo quando se recusam a ver-se ao espelho.
Com uma úncia frase, Jesus responde de forma criativa e sábia às muitas palavras dos fariseus. Esta frase exprime a sabedoria e a misericórida do amor de Deus. Um a um, afastam-se porque sabem que sua vida não está isenta de pecado.
Ficam apenas os dois: Jesus e a pecadora, “a miserável e a misericórdia” (Sto Agostinho). E agora sim, Jesus dirige-se à mulher. Sem mencionar a questão da culpa ou da acusação, ele “tira-a de seu embaraço e da sua insegurança falando apenas do comportamento dos acusadores” (BLANK). Jesus promete-lhe o perdão e enconraja-a a não pecar mais. Jesus não a acusa nem lhe mostra a gravidade da sua culpa, mas transmite-lhe confiança e optimismo para o caminho futuro. Ele liberta-a para uma vida nova.
(in Jesus Porta para a vida, Anselm Grün)


Senhor,
As garras da acusação
Empurram a minha miséria até ti…
Não tenho perdão,
Não tenho defesa,
Fui apanhada a pecar…

A lei traça uma sentença para mim,
Sinto as pedras da culpa
Que me ferem de morte
E marcam em mim
O sinal do pecado.

Calo um grito de vergonha
Escondo a nudez do meu ser
E espero a primeira pedra,
Que a última já não sentirei…

Que me resta,
Se fui apanhada a pecar?

Ouço longe a discussão
E, sem me defender,
Preparo o meu corpo para a dor.

A tua sabedoria criativa
Alterou a crueldade de um destino
E começa uma nova história em mim.

Onde estão eles?
Não há pedras para mim
Porque há pecado em todos…
Ninguém me condenou!

Fico eu e tu,
A miséria e a misericórdia,
O quase nada e o tudo…
Que me resta,
Se fui apanhada a pecar?

Não me condenas…
Cheguei fruto do pecado.
Parto semente de perdão.

sábado, 6 de março de 2010

…venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro.



1Nessa ocasião, apareceram alguns a falar-lhe dos galileus, cujo sangue Pilatos tinha misturado com o dos sacrifícios que eles ofereciam. 2Respondeu-lhes:«Julgais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus, por terem assim sofrido?
3Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos igualmente.
4E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé, matando-os, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém?
5Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos da mesma forma.»
6Disse-lhes, também, a seguinte parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou.
7Disse ao encarregado da vinha: ‘Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro. Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?’ 8Mas ele respondeu: ‘Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume. 9Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la.’» (Lc 13)

Não podemos confundir Deus com uma espécie de juíz ou de mestre que sanciona imediatamente as acções dos homens, premiando exteriormente os bons e castigando os maus. A desgraça de uma política que conduz à violência, repressão e morte (13,1), a desgraça de uma civilização que pode esmagar aqueles que a controem (13,4), são sinal da precaridade do homem no mundo.
Urge mudar…
Conversao significa viver abertos ao mistério do reino como dom de amor e como urgência de uma mudança, de uma entrega de amor aos outros.
É ainda tempo de conversão. Deus cuida de nós, uma e outra vez, como de uma árvore que parece totalmente incapaz de dar fruto. Se não correpondermos a esses cuidados, quebraremos nós próprios a relação…
(Comentários à Bíblia Litúrgica)

Testa a tua fecundidade:
Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou.
Que frutos Deus espera de mim?
Será que deixei que alguém os colhesse na vez do dono?
Que argumentos utilizo para justificar a minha esterilidade?

Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?
Para que estou eu a ocupar a terra…?
Qual o objectivo da minha existência?
O que me torna tão incapaz de dar fruto?

Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume.
Quanto tempo tenho ainda para dar fruto?
Que cuidados me ajudarão a dar fruto?
Que conversão provocará o meu desabrochar?


Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la.

Senhor,
Tavez na próxima estação,
Amanhã ou ainda hoje,
Voltes para procurar o que te pertence,
Os meus frutos…
Os frutos que permites em mim.

Senhor,
Talvez na próxima estação,
Amanhã ou ainda hoje,
A minha resposta seja a mesma,
Um silêncio envergonhado
De umas mãos cheias de nada
Para te dar.

Senhor,
Talvez na próxima estação,
Amanhã ou ainda hoje,
Tenha mais um abraço
Da tua teimosa misericórdia
Que espera o meu tímido frutificar.

Senhor,
Talvez na próxima estação,
Amanhã ou ainda hoje,
Eu mude, me converta,
Sentindo a alegria de continuar na tua vinha,
Porque deixei que fosses fruto em mim…

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Caminhada quaresmal


É impossível celebrar a Páscoa do Senhor
Sem experimentar a Quaresma.

É impossível experimentar a Quaresma
Sem viver o deserto interior.

É impossível viver o deserto interior
Sem escutar atentamente a Palavra de Deus


Mt 6
A esmola - 1«Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles; de outro modo, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está no Céu. 2Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: Já receberam a sua recompensa. 3Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita, 4a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, há-de premiar-te.»
A oração - 5«Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 6Tu, porém, quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, há-de recompensar-te.
O jejum - 16«E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas apenas do teu Pai que está presente no oculto; e o teu Pai, que vê no oculto, há-de recompensar-te.»

Recompensa – Conversão
A verdadeira e úncia recompensa da minha relação com Deus e com os outros não é que vejam como sou fiel, mas que eu veja como estou longe da fidelidade a Deus e ao seu projecto.
a) Dar esmola em segredo
b) Rezar em segredo
c) Jejuar em segredo.
Este triplo segredo, que construo com o Senhor, fortalece-me contra as tentações que me assaltam. Tentações que Jesus também experimentou e me ensina a superar.

Lc 4
Jesus tentado no deserto - 1Cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, 2onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, quando eles terminaram, sentiu fome. 3Disse-lhe o diabo: «Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.» Jesus respondeu-lhe: 4«Está escrito: Nem só de pão vive o homem.» 5Levando-o a um lugar alto, o diabo mostrou-lhe, num instante, todos os reinos do universo 6e disse-lhe: «Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. 7Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.» 8Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» 9Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, 10pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; 11e também: Hão-de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.» 12Disse-lhe Jesus: «Não tentarás ao Senhor, teu Deus.» 13Tendo esgotado toda a espécie de tentação, o diabo retirou-se de junto dele, até um certo tempo.

a) Dar esmola em segredo Nem só de pão vive o homem.
A melhor esmola que posso dar a mim própria e aos outros é a escuta atenta da Palavra de Deus no segredo do coração, de forma a combater a fome de ter.
“O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.” (M. Teresa de Calcutá)

b) Rezar em segredo Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.
Rezar no segredo é “fechar a porta” a outros deuses que vou criando em mim. Só Deus pode calar a minha fome de poder.
“Meu Deus e meu tudo.” (S. Francisco de Assis)

c) Jejuar em segredo Não tentarás ao Senhor, teu Deus.
A disponibilidade total diante de Deus, torna o jejum secreto instrumento de luta contra a fome de ser “mais” que Deus.
“Só Deus basta.” (Sta Teresa de Ávila)

Senhor, ensina-me a dar
No segredo e na justiça
E receberei de ti
A recompensa de me dar aos outros.

Senhor, ensina-me a rezar
No segredo e na verdade
E receberei de ti
A recompensa de seres o meu tudo.

Senhor, ensina-me a jejuar
No segredo e na disponibilidade
E receberei de ti
A recompensa de só Tu me bastares.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

…lavar ou lançar as redes?

Encontrando-se junto do lago de Genesaré, e comprimindo-se à volta dele a multidão para escutar a palavra de Deus, Jesus viu dois barcos que se encontravam junto do lago. Os pescadores tinham descido deles e lavavam as redes. Entrou num dos barcos, que era de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra e, sentando-se, dali se pôs a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca.» Simão respondeu: «Mestre, trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos; mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes.» Assim fizeram e apanharam uma grande quantidade de peixe. As redes estavam a romper-se, e eles fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os viessem ajudar. Vieram e encheram os dois barcos, a ponto de se irem afundando. Ao ver isto, Simão caiu aos pés de Jesus, dizendo: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.» Ele e todos os que com ele estavam encheram-se de espanto por causa da pesca que tinham feito; o mesmo acontecera a Tiago e a João, filhos de Zebedeu e companheiros de Simão.Jesus disse a Simão: «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens.» E, depois de terem reconduzido os barcos para terra, deixaram tudo e seguiram Jesus. (Lc 5, 1-11)

Os pescadores trabalharam toda a noite e, não apanhando nada, lavavam as redes. Jesus propõe que se façam ao largo e lancem de novo as redes para a pesca.
Pedro descobre em Jesus algo misterioso e pede-lhe, reverentemente, que Se afaste dele. Os seus companheiros sentem o mesmo. Jesus, em vez de se afastar, faz deles pescadores de homens.

Lavar ou lançar as redes?

Que fazemos, quando a “pesca” não corre bem, depois de “uma noite” de sacrifício?
Lavamos ou voltamos a lançar as redes?

Que fazemos, quando o desânimo é mais forte que a força renovadora do Espírito?
Lavamos ou voltamos a lançar as redes?

Que fazemos, quando o conformismo pesa mais que o convite da Palavra?
Lavamos ou voltamos a lançar as redes?

Que fazemos, quando a comodidade é mais cativadora que a novidade do amor?
Lavamos ou voltamos a lançar as redes?

Que fazemos, quando a obscuridade da dor é mais visível que a transparência da alegria?
Lavamos ou voltamos a lançar as redes?

Que fazemos, quando o senhorio do medo é mais poderoso que a audácia do serviço?
Lavamos ou voltamos a lançar as redes?

Que fazemos quando os nossos nadas valem mais que o tudo de Jesus?
Lavamos ou voltamos a lançar as redes?

A que nos convida afinal o Senhor, a lavar ou a lançar de novo as redes para a pesca?



FAZ-TE AO LARGO

Faz-te ao largo, acolhe o amor;
revigora a fé no Senhor.
Desde agora, para Cristo,
serás pescador.

Vou dar espaço ao Senhor para entrar.
O meu barco é pecador, quero arriscar:
lanço as redes da fé e contemplo o Teu olhar.
FAZ-TE AO LARGO.

A Palavra que escuto é segredo
que me impele a navegar sem medo;
rezo a voz que nos congrega e anuncio Tua Notícia.
FAZ-TE AO LARGO.

Saboreio o mistério do Teu Sim
tão presente no Altar dentro de mim:
Pão que nutre o meu vazio e ilumina o meu andar.
FAZ-TE AO LARGO.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

...correr e ajoelhar...



Quando se punha a caminho, alguém correu para Ele e ajoelhou-se, perguntando: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» (Mt 10,17)

Senhor,
No caminho que percorro,
Corro para Ti,
Procuro a Tua paz,
Desejo a Tua presença.

Mas sei, Senhor,
Que os meus passos são débeis,
A minha procura está inundada de dúvidas
E desejo outras coisas além de Ti…


Senhor,
Na busca de mim mesma,
Ajoelho diante de Ti,
Adoro no silêncio,
Saboreio o Teu mistério.

Mas sei, Senhor,
Que me custa ajoelhar com verdade,
Porque adoro outros deuses
E nem sempre tenho fome de Ti.


Senhor,
Bom Mestre,
Nas perguntas que coloco,
Descubro a brisa do Teu Espírito
Como resposta e convite.

Mas sei, Senhor,
Que os ruídos me distraem
E é pouca a coragem
Para dizer Sim...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Não têm...



Senhor,
Nas bodas da nossa vida,
Deixa que me intrometa na tua “hora”,
Pois não consigo calar
O grito do mundo
Que, mesmo sem saber,
Tem falta de Ti.

Não têm vinho, Senhor,
Não temos vinho…
Falta-nos a alegria de viver.
As vasilhas da nossa esperança estão vazias,
E teimamos em enchê-las com enganos
E falsas seguranças.

Não têm pão, Senhor,
Não temos pão…
Falta-nos a certeza do amor.
Estamos sós nas bodas da vida,
Porque teimamos e não abraçamos,
Porque rejeitamos e não acolhemos,
Porque pisamos e não levantamos.

Não têm água, Senhor,
Não temos água…
Falta-nos a experiência do perdão,
Da pureza, da mansidão, do belo, da magia da vida…
Tudo o que temos não nos basta
Porque não te temos a Ti…

sábado, 2 de janeiro de 2010

Palhas de Belém



Cheia de curiosidade por saber que tipo de palha envolveu o Menino naquela noite especial, decidi fazer um estudo científico bastante aprofundado.
O estudo consistiu numa análise aos tecidos vegetais que estiveram mais perto do corpo do Menino Jesus, de forma a identificar os elementos nutrientes existentes numa amostra de palha do presépio.
Comecei por fazer uma colheita do material em causa: Triticum aestivum, tecidos vegetais existentes na manjedoura naquela noite.
Após a recolha do material, procedeu-se à sua secagem. A amostra depois de seca foi moída, mineralizada, ou seja, transformada numa solução para posterior observação das reacções aos reagentes utilizados na análise.
Com a ajuda de um espectrofotómetro observámos a intensidade da cor que se desenvolveu a partir das reacções químicas provocadas, de forma a identificar os elementos nutrientes existentes na colheita.
Também recorrendo à tecnologia de absorção atómica, ionizando os átomos existentes no material analisado e medindo o número de choques ocorridos, pudemos identificar os elementos nutrientes existentes bem como a sua concentração.
Após este estudo pormenorizado, apresento os resultados observados no estudo.


Foram encontrados muitos elementos de SIMPLICIDADE, que envolveram o nascimento de Jesus Cristo. É um forte apelo a um estilo de vida simples, sem nos deixarmos influenciar demais pelo consumismo e pela vã necessidade de ser mais que os outros.


Foram também encontrados vários elementos nutrientes de PAZ. É uma aposta de todos os dias. Tem que ser sentida por nós próprios, para depois chegar aos outros. Tem de basear-se no diálogo, na justiça e no respeito pelo outro, seja ele quem for.


Abundavam também nas palhinhas de Jesus, elementos de AMOR, que implica sacrifício, doação, sofrimento, luta, tolerância, aceitação da diferença e solidariedade. O Amor é dar, dar-se e aceitar correr riscos. O Amor faz milagres quando nos empenhamos a sério.


Detectaram-se também bastantes elementos de fraternidade, sentido de FAMÍLIA. A Família é um pilar fundamental da sociedade. O Natal é a festa ideal para reunir a família e viver a alegria do convívio e da partilha.

Durante o estudo, recolhemos ainda muitos elementos de ALEGRIA nas palhinhas analisadas. A alegria é o fruto do acolhimento desinteressado; é a consequência de um coração aberto para a novidade e para a contemplação e não para a crítica.

Notavam-se também, e de forma muito frequente, elementos nutrientes de ESPERANÇA, certeza daqueles que acreditam que o amor tudo vence. Quem vive da esperança, tem o olhar sempre mais longe que o pessimista e uns passos sempre mais largos que um preguiçoso.

Foram ainda observados inúmeros elementos de GENEROSIDADE, que se desenvolvem sobretudo nas pessoas agradecidas e abertas ao serviço desinteressado. A generosidade é a mão de um coração disponível.

Sabe-se que há ainda muitos mais elementos nutrientes a detectar, mas estes anos de estudo não permitiram mais observações e análises, pelo que fica o convite para quem quiser continuar este estudo. Tenho na minha posse parte da amostra que referenciei. Poderei cedê-la para ser feito um aprofundamento deste estudo científico.