terça-feira, 31 de dezembro de 2013
FAZER REVISÕES
Pode parecer estranho, mas em tempo de férias, e antes que inicie 2014, propomos-te que faças umas revisões da matéria dada em 2013.
Sim, sabes que Deus passou e passa pela tua vida, Ele te conhece.
Tens um tempinho para estar com Ele?
Apenas três passos te lançamos como desafio:
PÁRA!
Para para pensar um pouco em Deus, porque Ele pensou primeiro em ti. Lê o medita o salmo 139. Sublinha o que mais te tocou.
Senhor, Tu examinaste-me e conheces-me,
2sabes quando me sento e quando me levanto;
à distância conheces os meus pensamentos.
3Vês-me quando caminho e quando descanso;
estás atento a todos os meus passos.
4Ainda a palavra me não chegou à boca,
já Tu, Senhor, a conheces perfeitamente.
5Tu me envolves por todo o lado
e sobre mim colocas a tua mão.
6É uma sabedoria profunda, que não posso compreender;
tão sublime, que a não posso atingir!
7Onde é que eu poderia ocultar-me do teu espírito?
Para onde poderia fugir da tua presença?
8Se subir aos céus, Tu lá estás;
se descer ao mundo dos mortos, ali te encontras.
9Se voar nas asas da aurora
ou for morar nos confins do mar
10mesmo aí a tua mão há-de guiar-me
e a tua direita me sustentará.
11Se disser: «Talvez as trevas me possam esconder,
ou a luz se transforme em noite à minha volta»,
12nem as trevas me ocultariam de ti
e a noite seria, para ti, brilhante como o dia.
A luz e as trevas seriam a mesma coisa!
13Tu modelaste as entranhas do meu ser
e formaste-me no seio de minha mãe.
14Dou-te graças por tão espantosas maravilhas;
admiráveis são as tuas obras.
15Quando os meus ossos estavam a ser formados,
e eu, em segredo, me desenvolvia,
tecido nas profundezas da terra,
nada disso te era oculto.
16Os teus olhos viram-me em embrião.
Tudo isso estava escrito no teu livro.
Todos os meus dias estavam modelados,
ainda antes que um só deles existisse.
17Como são insondáveis, ó Deus, os teus pensamentos!
Como é incalculável o seu número!
18Se os quisesse contar, seriam mais do que a areia;
e, se pudesse chegar ao fim, estaria ainda contigo.
19Ó Deus, faz com que os ímpios desapareçam;
afasta de mim os homens sanguinários.
20Aqueles que maldosamente se revoltam,
em vão se levantam contra ti.
21Não hei-de eu, Senhor, odiar os que te odeiam?
Não hei-de aborrecer os que se voltam contra ti?
22Odeio-os com toda a minha alma.
Considero-os como meus inimigos.
23Examina-me, Senhor, e vê o meu coração;
põe-me à prova para saber os meus pensamentos.
24Vê se é errado o meu caminho
e guia-me pelo caminho eterno.
ESCUTA!
Com a ajuda da Claudine Pinheiro, escuta Deus que te fala através da música:
Senhor, Tu me conheces
REZA!
Olha o ano de 2013 que passou e encontra:
3 motivos para agradecer/louvar o Senhor.
2 aspetos ou situações em que te tenhas afastado Dele.
1 propósito/compromisso para 2014.
AVANÇA!
Agora, de coração agradecido, avança para 2014!
Não te esqueças de que não vais só!
ELE VAI CONTIGO!
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Domingo Sagrada Família A
Evangelho segundo S. Mateus 2, 13-15.19-23
Depois de os
Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe:
«Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto e fica lá até que eu
te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar». José levantou-se de
noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto e ficou lá até à morte
de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pelo Profeta: «Do Egipto
chamei o meu filho». Quando Herodes morreu, o Anjo apareceu em sonhos a José,
no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra
de Israel, pois aqueles que atentavam contra a vida do Menino já morreram».
José levantou-se, tomou o Menino e sua Mãe e voltou para a terra de Israel.
Mas, quando ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai,
Herodes, teve receio de ir para lá. E, avisado em sonhos, retirou-se para a
região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Assim se cumpriu o
que fora anunciado pelos Profetas: «Há-de chamar-Se Nazareno».
Caros amigos e amigas, em pleno tempo do Natal
refulge a beleza deste quadro: a Sagrada Família! Deus quis nascer no aconchego
de um lar, pertencer a um povo e, sendo amor, ficar dependente, alimentar-se de
amor. A máxima “não és de ninguém” não é para nós, cristãos. Pertencemos a
alguém, somos dependentes do amor!
Interpelações da Palavra
Foge para o Egipto
Vamos ter de partir, imediatamente. E logo agora,
neste tempo entoado pela felicidade! Instalados num cantinho aconchegado, que
parecia seguro, tivéramos visitas surpreendentes, tantos amigos nos tinham
cumulado de mimos. A vida retomava a normalidade: Maria estava bem, o Menino
começava a sorrir… e eu só pensava em lançar mãos ao trabalho para gostosamente
os sustentar, ou em Belém ou galgar novamente os montes rumo a Nazaré. Mas não!
Mal quero crer nesta notícia que um novo sonho me dá! Quem poderá perturbar-se
perante este terno sorriso dos céus? Que terror pode provocar a candura deste rosto
onde toda a beleza se deleita? Como pode ser temida a sua força feita de
fragilidade? Como é possível que sobre Ele recaia o ignóbil sentimento da
inveja ao ponto de alguém O querer aniquilar? Contemplo, mais uma vez, enlevado
o sono tranquilo do Menino e de sua Mãe. Não posso pensar que o perigo espreite
estes dois tesouros que Deus colocou sob a minha custódia! Temos de partir! Custa-me
acordar Maria, mas sei que ela vai dizer “faça-se”…
O leitor dos
sonhos
José, novo sonho te visita. O puro amor é, em ti,
aquele radar afinado, que capta o que mais ninguém é capaz de notar. Ainda que
novamente o desconhecido te atemorize, não hesitas em desfazer-te do comodismo
para proteger aqueles que mais amas. Se este é um sonho para partir, é porque é
um sonho para regressar, um sonho para amar. O teu amor lê os sonhos de Deus e
obedece. O teu percurso de fidelidade mostra-me que a obediência aos sonhos de
Deus não anestesia a vontade, não significa a passividade de uma marionete, mas
significa colocar ao ritmo daquele sonho criador, que sabe aonde vai, os sonhos
que sozinhos não saberíamos encaminhar para a vida! Tu e Maria dizeis-me que só
Deus pode impedir que os nossos sonhos adormeçam…
Toma o Menino e sua Mãe
José e Maria, contemplo, na silhueta da vossa
caravana, o drama de tantas famílias às quais os sonhos são despedaçados e
retorcidos. Lembro-me da minha própria errância, descontente até quando tudo
está bem… Convosco sei que, no meio da noite, há sempre uma estrada aberta! O
segredo está nesse “tomar-se mutuamente”: segredo da vossa família que
transforma o terror de uma noite escura, enfrentada no meio de dúvidas, incómodos
e precariedade, num caminho sorridente de esperança. Vós caminhais com Deus,
caminhais já com a meta dentro de vós. Tomar-se mutuamente é encher-se da vida
do outro e encher a vida do outro com a nossa própria vida. Ao assumir a nossa condição
humana, Deus mostra-se dependente do amor das suas criaturas. E desde esta
família, na dependência do amor, se inicia a emanação do Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Menino de Belém, há um berço preparado para ti no aconchego da minha
família…
Vem, vem
recostar-te nas nossas canseiras e tribulações e segreda-nos a paz;
Vem, vem
acender a luz tua Palavra e faz florir os nossos amuos e silêncios apagados;
Vem, vem
purificar as nossas atmosferas pesadas de suspeição e de impertinência;
Vem
revitalizar a dureza das indecisões, abrir portas onde parece não haver saídas.
Vem ensinar-nos
a arte da dependência do amor, vivida em liberdade responsável.
Queremos ser
família sustentada em Ti, que de Ti se alimenta e teu amor proclama…
Viver a Palavra
Vou rever a minha
vida em família, e tomar como modelo a vida da família de Nazaré.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Natal do Senhor
Natal do Senhor – Missa da
Noite
Evangelho
segundo S. Lucas 2, 1-14
Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada
toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era
governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu
também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada
Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria,
sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia
de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O
numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela
região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O
Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles
tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma
grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um
Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um
Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura».
Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a
Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele
amados».
Caros amigos e amigas, com Jesus a noite é uma
manhã de esperança, porque Deus vem ao nosso encontro e habita na tenda frágil
do nosso coração. É Natal porque Deus vem de novo, porque um menino foi
colocado em nossos braços, porque a bela notícia do Emanuel ecoa e brilha em
cada manhã!
Interpelações da Palavra
Nos campos…de noite…
O rebanho dorme e a noite envolve-me sem me dar
repouso. Chegam vozes de todo o lado, sou atacado por novidades escuras, por
obrigações atrozes, por escândalos, por banalidades. De noite, tento vencer o
negro do céu com luzes fugazes que logo passam e nada me deixam da Luz… De
noite, automatizado pela rotina do “deixa andar” nada é notícia, nada me toca,
de tantos dados e estatísticas que já entopem os meus filtros de decisão. De
noite, vivo num campo que é terra árida, porque sem Luz… De noite, guardo um
rebanho, guardo os outros, com medo de me guardar a mim, de guardar Deus em
mim… De noite, de tanto que escuto, nada me diz, de tanto que recebo, nada me
toca. De noite… tudo é noite… e até a Luz que me visita me atemoriza…
Anuncio-vos uma grande alegria
Mas hoje uma notícia de luz visita o campo da minha
noite, onde o nada é chão. Rompe a escuridão com a Luz, cala o silêncio com a
notícia, derruba o medo com a alegria da proximidade. Nessa noite, nesta noite,
Deus me envia, mais uma vez, o anúncio de uma grande notícia: a alegria da Sua
presença. Sim, de novo. Mais uma vez passa a notícia neste campo: Ele vem ao
meu encontro. Renasce a esperança da manhã, a colorida novidade da aurora.
Nesta noite, porque a luz de Deus me envolve, nasce o dia. Na esterilidade da
minha tímida procura, brota a notícia que me envolve de Luz e não mais deixará
que a noite impere… porque é Ele que me procura e me habita. E Ele é a Luz! Então
tenho de O procurar, porque a Luz urge.
Encontrareis um menino
Deixo o campo, arredo do meu caminho a noite, os
afazeres que me atulham, para me abrir ao seu mistério; preparo o meu dom, deixo
o rebanho, deixo de guardar os outros, para deixar que a Luz me guarde a mim,
porque a luz me guia e me atrai e a semente da Palavra grita o germinar! Corro
ao encontro do Menino de quem “fala a notícia” que me inquieta. Estará nas
palhas douradas, nos panos de cetim, na manjedoura de luzes coloridas? Onde
encontro esse Menino? Bloqueio o ritmo germinador da Palavra, sempre que não O
deixo nascer em mim… É “isto” que me
serve “de sinal”! É neste campo, nesta noite que encontro o Menino, a notícia, o
sinal, o Deus connosco! Nesta noite brilha o dia, nasce a Luz, germina o
Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Poderão
meus braços abraçar tão grande mistério?
Poderão
meus olhos contemplar tão imensa luz?
Poderão
meus lábios cantar tão sublime melodia?
Quero
aprender a humildade do Teu encontro comigo,
Quero
aprender a alegria da Tua grande notícia,
quero
acolher-Te em meus braços,
Tu
que de Teus braços não me separas… e desejas que em mim seja Natal!...
Viver a Palavra
Vou partilhar a boa
notícia de ser habitado pelo Deus Menino!
domingo, 22 de dezembro de 2013
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
IV Domingo Advento A
Evangelho
segundo S. Mateus 1, 18-24
O nascimento
de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem
vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José,
seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em
segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do
Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua
esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um
Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus
pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio
do Profeta, que diz: «A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado
‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono, José fez
como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.
Caros amigos
e amigas, o Evangelho narra a anunciação feita a José que recorda aquela feita
a Maria. Aquele que era justo não teme de participar no presépio. No seu silêncio
e generosidade, Deus fala e anuncia o nascimento do seu Filho!
Interpelações da Palavra
Mais justo do
que a lei, é o amor!
Eu, carpinteiro em Nazaré, não tinha assim grandes
sonhos: talvez uma carpintaria maior, mais alguma viagem a Jerusalém por altura
da Páscoa, uma bela esposa para amar, uma casa grande para ver os filhos
multiplicarem-se e, talvez, o sonho da libertação romana. Mas, ultimamente a minha
noite era assombrada por pesadelos: a minha noiva ficara grávida antes do
casamento e… não tinha sido eu; antecipava a vergonha ante o provável escárnio
dos amigos; mas sobretudo vivia o pesadelo do repúdio que levaria a minha amada
à morte por delapidação. Mas não! A justiça do amor, infinitamente mais poderosa
do que a lei, legislava que eu não poderia abandonar Maria publicamente… teria
que a salvar em segredo na casa dos pais. Colocar-me-ia entre as pedras da lei
e a vida da minha amada. Enamorado, acreditava, acreditava simplesmente por amor.
Deixaria que fosse Deus a julgá-la e, quanto a mim, recomeçaria de novo, com os
meus projectos e sonhos.
O sonho de
não temer
Pensava assim quando um sonho maior encheu a minha
noite. Um anjo dialoga comigo, fala-me de uma missão, de um filho. Sonho estranho,
mas suave… como se fosse verdade. Nalguns sonhos, as fronteiras da realidade
tocam o além, abordam o mistério de uma verdade que ultrapassa e ilumina. Percebi
que era Deus a falar-me no segredo do coração e, após as palavras do anjo, o
segredo de Maria torna-se também o segredo de José. Desde então o meu amor por
ela ganhava uma dimensão divina, definia-se numa felicidade nova e eu tomei a minha
esposa, como quem toma em sua casa o próprio Deus. Submisso àquele filho amado,
dei-lhe um nome, uma família, uma herança, mesmo sabendo ser apenas um suplemento
de paternidade.
A coragem do
amor
Justo José, hoje contemplo-te como amor no estado
puro: acreditas em Maria, à versão de uma gravidez que só o amor pode admitir,
e depois desapareces das crónicas. Carpinteiro, tu consentes sonhar os sonhos
de Deus! Atreves-te a amar os amores de Deus! Ousas dar a tua vida à vida de
Deus! No drama e na novidade do nascimento do Filho de Deus, da virgem grávida,
do marido justo, Deus multiplica o amor, plenifica, no seu sonho, os sonhos de
ambos, amplia a família e a harmonia. A vossa casa em Nazaré é humilde, mas a
mais feliz porque ambos sois ricos daquele amor que directamente coincide e se
alimenta no próprio Amor feito criança. O Filho de Deus será acariciado pelas tuas
mãos calejadas, mãos ásperas da madeira e das cruzes do dia-a-dia, mas aveludadas
pelo silêncio imenso da coragem do amor. Tu e Maria sois porta aberta ao
mistério que indica estradas novas, ilumina momentos difíceis e dramáticos,
mantém a esperança no futuro. Em ambos é a fecundidade de Deus que se manifesta.
E faz desabrochar o Evangelho!
Pai amoroso, Tu te dignaste outorgar em José, o homem justo,
o mistério
admirável e insondável da tua paternidade!!!
Eu te louvo
pois, pela encarnação do Verbo, fizeste do Teu Filho Unigénito o nosso irmão!
Hoje o teu
segredo ronda a porta do meu coração: tens um sonho para sonhar comigo.
Como Maria e
José, quero ter a coragem de amar, de sonhar os teus sonhos… quero aceitar a
tua proposta e oferecer-te a minha vida qual campo onde semearás a tua vida.
Sim, Pai, diz de novo o teu Verbo e faz do meu coração um santuário de
acolhimento
e que todo o
meu ser seja a repercussão da tua Palavra, do teu sonho do teu amor.
Viver a Palavra
Vou cultivar um
coração atento e disponível para acolher os segredos de Deus.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Retiro de jovens - Advento - CHAMAR|TESTEMUNHAR|REZAR
Chamados a uma
experiência de encontro com Cristo, 69 jovens da Diocese de Bragança Miranda testemunharam a alegria de ser cristão,
aprendendo a rezar, como Maria, as
propostas que o Senhor nos coloca em cada momento da nossa caminhada de fé.
O convento de Balsamão acolheu, no dia 14 de dezembro, esta
audaz “embaixada” juvenil da diocese. A orientar o dia de retiro estiveram o
Padre José Luís Pombal do Seminário Maior da Diocese e a Irmã Conceição Borges
das Servas Franciscanas Reparadoras. Propôs-se, para este dia, uma caminhada
pelas várias etapas da Lectio Divina, a partir da passagem Bíblica da
Anunciação do Anjo a Nossa Senhora. Os verbos chamar, testemunhar e rezar, pautaram a harmonia do dia,
seguindo a proposta do Ano da Vocação na Diocese.
O dia começou com a Lectio,
através da oração da manhã na Igreja do Santuário, onde tivemos o primeiro
encontro com a Palavra (Lc 1, 26-38). Seguiu-se uma dinâmica de apresentação:
Eis-me aqui a perguntar-te; eis-me aqui a responder-te. Experimentamos a riqueza
da partilha e da descoberta pessoal, através da fraternidade. Seguiu-se a Meditatio, onde refletimos o Sim de
Maria dado a Deus, através da carta pastoral de D. José Cordeiro e das
meditações do Padre José Luís Pombal. Chegada a hora do almoço, foi tempo de
partilhar os farnéis e poder conhecer melhor o belo espaço que nos acolheu.
No
início da tarde tivemos o tempo da Colatio,
pois, em pequenos grupos, trabalhamos a passagem bíblica que nos acompanhou ao
longo do dia. Depois da partilha surgiu o tempo do compromisso, atio, no qual, através do tema dos
Deolinda (Movimento Perpétuo Associativo) e duma visualização sobre a Igreja,
pudemos confrontar-nos com a urgência da missão e do compromisso pessoal em
estar atentos ao projeto de Deus a nosso respeito. Urge uma atitude disponível
e corajosa como a de Maria.
O dia terminou com o momento da Oratio. Na capela interior do Convento,
tivemos uma experiência forte de oração com Maria, através da adoração
eucarística. Neste retiro participaram 18 jovens da JEF. Ali depusemos os nossos medos e acolhemos o abraço daquele que nos
ama e sonha para nós a felicidade. De nós espera apenas uma resposta, como a de
Maria: Faça-se em mim… Eis-me aqui, envia-me!
Ir. Conceição Borges
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
III Domingo Advento A
Evangelho
segundo S. Mateus 11, 2-11
Naquele
tempo, João Baptista ouviu falar na prisão, das obas de Cristo e mandou-Lhe
dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar
outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos
vêm, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos
ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não
encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus
começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana
agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas
delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos
reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que
profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro,
para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher,
não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus
é maior do que ele».
Caros amigos e amigas, neste
caminho de espera, somos embalados pela procura de João, pelas dúvidas e pelas
certezas de um profeta que busca O Profeta. É tempo de espera desassossegada, é
tempo de olhar os sinais de Deus na história, é tempo de os interpretar, é
tempo de preparar o encontro…
Interpelações da Palavra
És Tu? ...
João, à pergunta que fizeste, Jesus mandou-nos
contar-te que uma primavera se move à sua passagem, que o mundo festeja a
alegria que tu soubeste preludiar no teu canto de esperança. Disse que os olhos
vazados tinham já o aconchego da sua luz, que os pés mudos tinham já a palavra
dos seus passos e dos lábios secos tinha rebentado a fonte da comunicação; disse
que os surdos eram saudados pela melodia da felicidade, que os leprosos eram
ungidos no bálsamo da sua medicina e que os pobres encontraram o manancial da
saciedade. É Ele Aquele que tu esperavas! Perante estas notícias, que outro
poderemos esperar nós?!
Que fostes ver?
Depois Jesus falou-nos de ti. Com o teu exemplo de
profeta Ele lançou uma inquietação sobre os nossos luxos e vaidades.
Esperávamos surpreendê-l’O com o charme com que enganamos as relações,
esperávamos intimidá-l’O com a habilidade com que nos impomos aos fracos,
esperávamos negociar com Ele através da ostentação com que compramos os pobres…
Mas tu e Ele baralhais o sentido dos nossos empenhos! Nós continuamos a
deslumbrar-nos perante as montras das nossas banalidades, e a teimar que nelas
poderemos saciar a nossa fome e sede de felicidade. É daqui que nos nasce esta
permanente insatisfação…
Preparar o caminho
Caro João, preciso que continues a enviar-me a Cristo
para lhe fazer perguntas. Preciso objectivar a minha procura, a minha sede, o
meu vazio. Envia-me a Cristo, na estrada da simplicidade, no caminho do
sacrifício, na senda de um coração livre.
A tua postura sóbria e humilde, a tua palavra corajosa
e livre, a tua radicalidade desinteressada, o teu propósito aponta-me uma meta que,
assumindo-a, pode revolucionar a minha vida! Tu és o exemplo de como hei-de encaminhar
a minha espera. Contigo descubro Aquele que há-de vir, Aquele que está no meio
de nós, Aquele que me habita e faz germinar em mim o Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, tu
estás a organizar a festa e fazes-me entender que o meu amor é convidado!
As perguntas
vazias têm necessidade do conteúdo que hei-de encontrar na Tua Palavra,
o desalinho
de tantas linhas tortas precisa da tua geometria que a tudo dá sentido,
os palácios
dos Reis têm necessidade da minha sobriedade e simplicidade…
Firma os meus
pés no caminho da esperança, que descobre em ti o Caminho.
Lança o meu
coração na vida do encanto, que descobre em ti a Vida.
Abre as
minhas mãos na verdade da entrega, que descobre em ti a Verdade.
És Tu Aquele
que iluminas este desejo de encontro e me perfumas com o aroma da profecia?
Sim, bem vejo
que és Tu! Vem, Senhor Jesus!
Viver a Palavra
Vou ver e contar os
gestos de Deus que se faz presente na minha vida e ao meu redor.
sábado, 7 de dezembro de 2013
II Domingo Advento A
Evangelho segundo S. Lucas 1, 26-38
Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da
Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que
era da descendência de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde
ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela
ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será
grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu
pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá
fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo
respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te
cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de
Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o
sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua
palavra».
Caros amigos e amigas, no
caminho de Advento, acompanha-nos sempre Maria. A anunciação que a Imaculada
recebe do anjo é um convite a abrirmos o coração à surpresa inesperada de um
amor que nos ultrapassa.
Interpelações da Palavra
Cheia de graça!
Permite-me, Maria, que entre com o Anjo em tua
casa! Ouço uma saudação revelar que tu és a “cheia de graça” e não a “cheia de
méritos”, apenas rica da gratuidade amorosa de Deus… Sim, diante de Deus não
conta o melhor, o primeiro, o título, o cartão visa, a influência… Conta apenas
o amor, a disponibilidade, a simplicidade, a humildade, aquela docilidade que
se deixa levar pelo sopro do Espírito.
Tu és escolhida por Deus desde toda a eternidade. Tu
és Aquela que deslumbra Deus na sua própria obra. Em ti a criação se faz de
novo e Deus exulta ao ver como é bela! Porque a beleza de Deus faz-se beleza em
ti! Sinto palpitar a tua escuta, sinto estremecer dentro de ti aquele labor
entre a graça e o teu acolhimento, que se manifesta, ao mesmo tempo, num medo
misturado com a alegria…
Salvé!... Não temas!… Darás à luz!
São sempre as palavras de anjos que revelam o
eterno sonho de Deus, para a humanidade, para mim e para ti. Sim, alegra-te, Maria,
multiplica a alegria, vive de júbilo, exulta de amor! Não temas, porque quando
Deus está presente o medo se dissolve, porque não estás só! Sim, resplenderá
assim à tua volta a vida; e ela brilhará como farol quando é fecunda, frutuosa
e doce!
Alegra-te, Maria, porque és amada gratuitamente
para sempre! Não temas, porque o amor dissipa as sombras do medo. Não temas, porque
Deus não segue o caminho da evidência ou da grandeza, mas prefere a discrição à
luz dos palácios. Não temas, Maria, se Deus se esconde na fragilidade e no amor
de uma criança. Serás terreno de salvação, Maria! Sim, no teu seio é lançada a
semente da vida nova! Nada e ninguém será agora estéril! Em ti, Deus se fará
irmão da humanidade. E tu acolhes a Palavra de Deus no silêncio e na entrega…
Eis… faça-se…
O teu querer repousa e confunde-se com querer de
Deus! Dentro do silêncio, na arte materna do acolhimento, no desejo de
compreender o Mistério, na disponibilidade de servir, tu Maria, és toda de
Deus! A imensidade de Deus escancara-se na tua pequenez e juventude. De ti o
Criador fará a sua Mãe, e a minha Mãe! Da esquecida Nazaré se renovará a
criação! Tu, Maria, abraças o amante abraço divino! Tu és a serva do Amor, de
ti brotará o Verbo! Deus faz de ti o ventre da nova humanidade! O teu sim é o
traço desde o qual se escreverá o Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor,
a Tua surpresa rebenta com as minhas estruturas, com os meus projetos.
Só,
na minha casa, descubro o segredo da Tua procura, do Teu convite.
Sim,
Tu vens ao meu encontro, chamas-me pelo nome e queres precisar de mim.
Ó
Senhor… também eu procuro quem me procura… tenho sede de Ti…
O
meu nome, saído dos Teus lábios ecoa teimosamente na minha história de busca
e
não consigo desligar-me deste diálogo de amor que travas comigo a cada
instante.
Faça-se,
faça-se em mim o Teu querer, o Teu sonho, a força do Teu Espírito.
Faça-se
em mim a Tua graça e a Tua certeza, a Tua fecundidade e a Tua Palavra.
Eis-me,
Senhor, para escutar de Ti quem sou e quem me convidas a ser.
Viver a Palavra
Vou desenvolver uma
atitude de escuta interior para, na disponibilidade alegre, dizer Sim ao
Senhor.
sábado, 30 de novembro de 2013
I Domingo Advento A
Evangelho segundo S. Mateus 24, 37-44
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho
do homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam
em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até
que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do
homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado;
de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra
deixada. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o
ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai
vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do
homem.».
Caros amigos e amigas, novamente Mateus nos
convida a percorrer as estradas do Evangelho. O Advento é um novo eclodir do tempo
de Deus no nosso tempo disputado pela rotina, é um sussurro de esperança, uma
promessa feliz que se vai tornando Presença, segundo as dimensões do nosso
acolhimento: é preciso vigiar!
Interpelações da Palavra
Não deram por nada…
Esta palavra ataca aquele meu tempo, tão
preenchido, compacto, que teme a profecia. Vir ou não vir Deus… pode nem me
importar. Tenho opiniões que me são servidas, já prontas. Tenho sondagens e
previsões que se antecipam às esperas e devoram as expectativas. As agendas
controlam-me o percurso e limitam as surpresas. E para o tempo que sobra… invento
hobbies. Como poderei dar conta da
presença de Deus no mutismo deste mundo que parece alterar-se apenas ao ritmo de
maldades e catástrofes? Os olhos viciados colhem de cada paisagem apenas um
mais do mesmo... É tão difícil libertar-me da ditadura do urgente e propor-me a
esquadrinhar o banal à procura do milagre! Não, não darei conta da presença de
Deus, se não espero Deus. E se não vigio Deus é porque não O amo… e corro o
risco de enterrar os meus olhos no túmulo do egoísmo.
Não sabeis o dia…
No meio das minhas concretas circunstâncias Deus
anuncia-se e inquieta-me. Posso escutar esta palavra de Jesus como uma ameaça
apocalíptica, posso continuar a fingir venera-l’O com a motivação do medo...
Mas o convite do Evangelho desperta-me!!! O sempre novo horizonte do seu amor está
a passar por mim e eu não o quero desperdiçar! Será o amor a desenterrar-me os
olhos, será o amor a alagar as “estacas da minha tenda” para O receber. Preciso
do seu dilúvio e do seu assalto que renovam a vida. Amo este Deus da surpresa que
não fixa em datas o seu assalto, nem encerra em prazos o seu dilúvio de amor. Quero
entregar-me a Deus que me estende um tempo inteiro para a conversão, e prolonga
generosamente o hoje para que possa encontra-l’O. Desejo o encontro, vou vigiar
o único Deus que me pode revelar quem sou e me potencia o que posso ser.
Virá o Filho do Homem…
Intitula-se “Filho do Homem” como se beijasse a
minha humanidade; como a dizer-me que não lhe é indigno descer até ela, para a
acarinhar e divinizar. Ele é o Deus que, por amor, vigia a minha felicidade! Posso
perceber no ambiente tantas efervescências da sua doçura e solicitude; Ele
distribui a chuva e encoraja a germinação… Ele me sorri no sol e me afaga na
noite; Ele escuta a minha respiração e conta um simples cabelo que me cai. Cada
dia Ele me surpreende na rebentação dos seus sinais sobre a monotonia das minhas
praias. Quero um coração aceso pela vigilância do amor a única que dá cor à
minha vida. A cor do Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, a tua
vida quer fecundar-me, como fecundou o seio disponível de Maria.
Bates à porta
da minha disponibilidade para continuar realizar o milagre
da tua
presença… para fazer germinar em mim as sementes do teu mistério.
Limpa-me dos olhos a película da rotina, afina o
sentido do milagre com que me visitas.
Peço-te um
olhar vulnerável à surpresa, que tenha o deslumbramento das crianças
e a
maturidade para perscrutar os teus sinais.
Hoje quero inaugurar
uma vigilância potenciada pelo amor.
Quero antecipar,
com um coração feliz, a alegria de te receber.
Quero alargar
horizontes e estender o meu espaço à novidade fecunda do Evangelho.
Viver a Palavra
Vou cultivar um
coração vigilante para acolher o Senhor que me visita na força de tantos sinais
e evidências.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
XXXIV Domingo Comum C
Naquele tempo, os chefes dos
judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é
o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se
para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti
mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Entretanto,
um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és
Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a
palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto
a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele
nada praticou de condenável». E acrescentou:
«Jesus, lembra-Te de Mim, quando
vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje
estarás comigo no Paraíso».
Caros amigos e amigas, o
último Domingo do ano litúrgico celebra Jesus como Rei do universo. O título
pode evocar imagens de glória, poder, submissão. Mas, curiosamente, o Evangelho
apresenta-nos a crucifixão, indicando que o
reino de Deus é diferente, paradoxal e misterioso. Hoje somos convidados a abandonar os triunfalismos para nos
maravilharmos com esta nova realeza.
“Salva-te
a Ti mesmo”
Por três vezes é repetido este grito a Jesus pregado
na cruz. O “salve-se quem puder” parece definir a lógica humana. Na cena do
calvário, quando todos O abandonam, esta é a tentação maior: pensar finalmente em si. No entanto, mesmo no
momento da agonia, Jesus esquece-se de si! Esquece-se de si para salvar aqueles
que morrem a seu lado. Na verdade, Deus escolhe estar do lado dos esquecidos,
dos sem-triunfo, dos mais pequenos. É um Deus despido mas evidente, um Deus
amante e ferido, que faz do amor a única medida, a única razão, a única
esperança.
A morte reconduz-nos àquilo que somos,
rouba-nos os sinais de prestígio e das diferenças que escondem a nossa
identidade, une-nos sem reservas. Na morte fica apenas a dignidade, aquela que
não precisa de mantos nem ceptros, aquela que revela realmente quem somos. No
calvário, Jesus sobe ao trono da cruz porque esse é o lugar da comunhão
absoluta. Deus entra assim ali onde vibra o grito do moribundo, une-se
eternamente ao filho, desposa a humanidade.
O ladrão de amor
No meio da agonia, onde todos apenas vêem derrota,
o ladrão intui em Jesus a luz da salvação e o verdadeiro rosto de Deus que é a
compaixão. O ladrão rouba a sua pérola mais preciosa e descobre um reino
inexplorado: encontra um amigo! Amigos, basta um olhar para roubar o paraíso,
um olhar tão fixo como os pregos da cruz, no olhar de Jesus.
Deus supera o pedido, não despregando um
crucificado da cruz, mas dando a vida a um condenado. Mesmo na maior miséria e
desgraça, o homem é salvo, porque pode ainda ser amado. Ninguém está perdido
definitivamente. Num eterno abraço, os braços abertos de Jesus são as portas do
éden escancaradas para sempre, são o coração de Deus aberto a todos os filhos
pródigos, são as mãos de misericórdia que acolhem os suspiros humanos. A cruz
torna-se a nova árvore da vida.
“Hoje
estarás comigo no paraíso”
Naquele “hoje”, o ladrão descortina já o
paladar da eternidade, saboreia antecipadamente a ressurreição. Naquele
momento, o respiro vital de Jesus cruza o último respiro do ladrão.
Aquele “hoje” recorda tantos outros pronunciados
ao longo do Evangelho: o “hoje” apregoado aos pastores em Belém: “hoje, nasceu
para vós um Salvador”; aquele dito por Jesus na sinagoga de Nazaré: “hoje,
cumpriu-se esta passagem da Escritura”; aquele gritado a Zaqueu: “hoje, a
salvação entrou nesta casa”! Na verdade, quem caminha com Cristo é convidado a
entrar no hoje de Deus, a não perder os encontros que o Senhor diariamente
agenda connosco, é desafiado a escrever hoje com a sua vida o Evangelho.
VIVER A PALAVRA
Vou viver cada dia como
a única oportunidade de encontrar Aquele que é o Amor!
REZAR
A PALAVRA
Meu Deus
e meu Rei, Tu que contemplas o reino dos Céus e da terra,
Tu que
tomas o rosto humano partilhando-lhe a miséria e a fealdade ,
Tu que
assumiste o abandono do mais pobre, e te doeste com a sua dor,
sê o
Senhor da minha vida, a beleza que me fascina, dá-me a força do teu amor!
Santifica
o meu coração com o fogo da tua Palavra, ilumina os meus olhos
para que
eles reconheçam a tua presença no hoje que me habita,
na mão
que se estende e no olhar que mendiga o teu pão.
sábado, 16 de novembro de 2013
XXXIII Domingo Comum C
Naquele tempo, comentavam alguns
que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus
disse-lhes: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra
sobre pedra: tudo será destruído». Eles perguntaram-Lhe:
«Mestre, quando sucederá isto? Que
sinal haverá de que está para acontecer?». Jesus respondeu: «Tende cuidado; não
vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda:
‘O tempo está próximo’. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e
revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas
não será logo o fim». Disse-lhes ainda: «Há-de erguer-se povo contra povo e
reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e
epidemias. Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu. Mas antes de
tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às
sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por
causa do meu nome. Assim tereis ocasião de dar testemunho. Tende presente em
vossos corações
que não deveis preparar a vossa
defesa. Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá
resistir ou contradizer. Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos,
parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós e todos vos odiarão por
causa do meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa
perseverança salvareis as vossas almas».
Caros amigos e amigas, à medida
que nos aproximamos do fim do ano litúrgico, o Evangelho fala-nos do fim e
convida-nos, através os sucessos e fracassos da vida, a viver hoje a primavera
de Deus.
“Não
ficará pedra sobre pedra”
Jesus
não quer desprezar o orgulho dos judeus que viam na beleza e grandiosidade do
templo de Jerusalém um sinal da presença de Deus. Convida antes os discípulos a
não se iludirem perante o que parecia indestrutível e seguro: até as mais belas
obras humanas são caducas e frágeis. Com Jesus caem por terra tantos deuses e
templos, tantos modos de vida sem vida, abre-se uma convulsão e uma novidade na
própria existência. O Mestre não quer discípulos distraídos, mas atentos ao que
a história apresenta à nossa volta.
Muitas
vezes o nosso olhar fica-se por aquilo que adorna a realidade, enquanto o olhar
de Deus vai além das aparências e vê o significado mais profundo. As suas
palavras obrigam-nos a abrir os olhos para ver as misérias do mundo, o
sofrimento de tantos e a reconhecer as próprias contradições e dificuldades.
Ser cristão não é fugir da história, nem significa não ter problemas para viver
seguro numa bela torre imune aos males. Mas é estar com todos expostos às
batalhas da vida.
Choque evangélico
Parece
estranho que, para encorajar os discípulos, Jesus faça um longo elenco de
calamidades e perseguições por causa da fé. A perspectiva de Jesus não é
ingénua nem catastrófica. As guerras, os cataclismos… não são o sinal de um
mundo tremendo que chega, mas são o indício de um mundo velho que, com
dificuldade, se transforma. O evangelho não é o guia prático para o “fim do
mundo”, mas o manual para a construção de um novo mundo.
O
cristão deve estar presente nas noites escuras e nos combates da humanidade,
segurando firmemente a lâmpada da esperança. Porque está confiante naquela
misteriosa presença que é “língua e sabedoria” para enfrentar os obstáculos.
Não tenhamos medo: perseverar é uma das faces do amor; é o rebordo silencioso
da presença de Jesus. Todos os dias há que reconstruir o mundo e a esperança!
O protector de cada
fragmento
Face a
quem se angustia ou está intranquilo pelo futuro, encanta-me este Deus que
cuida infinitamente do que é insignificante. Disposto
até a contar os cabelos perdidos. Ele está enamorado do mais pequeno fragmento
da pessoa amada porque nele abraça todo o seu mistério. Daí que só posso
dar-lhe graças, porque mesmo no caos da terra e da história o seu olhar vê além
das ruínas e das quedas: nada em mim é demasiado pequeno para o seu amor.
O
Evangelho é um anúncio de graça e de bênção, pois o dia do Senhor amanheceu
quando a noite de uma certa sexta-feira se iluminou com uma aurora sem fim e
quando o sepulcro fechado se abriu a uma vida sem fim. Esta é, amigos e amigas,
a luz esplendorosa do Evangelho!
VIVER
A PALAVRA
Vou olhar o (meu) mundo como um espaço amado e salvo pelo Deus de toda a esperança.
REZAR
A PALAVRA
Olha Senhor: as minhas fachadas caem a cada instante, o meu
mundo é tão fugaz...
dá-me uma fé que acredite que o teu amor é eterno sobre cada
pedaço de mim.
Reorganiza em mim, cada dia, a tua sabedoria que ama, a tua
solicitude que salva.
Que saiba aprender de Ti a paciência que reergue e que nada
deixa perder.
Quero colher, nos anúncios de morte, os traços da tua Cruz que
soma sempre esperança!
Vem, Senhor do tempo, sopro de cada momento, ensinar-me a
imergir na eternidade.
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