quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

II Domingo Comum C




Naquele tempo, realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus. Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o casamento. A certa altura faltou o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus respondeu-Lhe: «Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora». Sua Mãe disse aos serventes: «Fazei tudo o que Ele vos disser». Havia ali seis talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, levando cada uma de duas a três medidas. Disse-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». Eles encheram-nas até acima. Depois disse-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa». E eles levaram. Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho, - ele não sabia de onde viera, pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam - chamou o noivo e disse-lhe: «Toda a gente serve primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora». Foi assim que, em Caná da Galileia, Jesus deu início aos seus milagres. Manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele.

Caros amigos e amigas, neste relato conhecido das bodas de Caná aparece em filigrana a narração dum outro matrimónio: o matrimónio de Deus com a humanidade; a união onde o esposo é Jesus, autor da alegria e do amor, e a esposa é a Igreja. Nas bodas de Cana está representada a nossa relação com Deus, como uma relação nupcial, amorosa, festiva e recíproca.

Vasos estalados e vazios
Também é assim connosco: nem sempre o sorriso que cobre os lábios representa a alegria do coração. Até as experiências mais festivas podem ser assinaladas por uma ausência, uma tristeza, o anoitecer. Tantas vezes, a nossa existência é como aquelas seis talhas de pedra: uma enormidade arqueológica vazia! Tanta imponência de fachada, mas desprovidas de conteúdo. Quantas relações cansadas e aguadas que não provocam felicidade, que não são festa…
A ausência de vinho e aquelas talhas são sinal de um coração de pedra que não se deixa envolver pelas solicitações do amor. Contudo, é destas talhas que Jesus se serve para realizar o primeiro dos sinais. É a partir da nossa vida e na nossa vida que os milagres acontecem.

«Fazei tudo o que Ele vos disser»
Maria é sempre uma presença discreta mas atenta. Maria não se resigna. Como também Deus nunca se resigna! É possível recomeçar! É possível colocar nas mãos de Deus a insipiência da nossa água. Em Caná é a nossa vida que é mudada, dando-lhe um sabor forte, um sabor de vida eterna, de felicidade.
“Fazei o que Jesus diz”! Estas últimas palavras de Maria, no evangelho de João, são quase um testamento de amor para todos os filhos. Fazei! Não basta escutar ou anunciar, é preciso fazer, tornar vivo o Evangelho. É possível encher as vasilhas vazias com palavras que falam ao coração, com aquilo que Jesus nos diz com uma Palavra que transforma e transfigura a vida.

O amor festivo de Deus
É consolador ver Maria e Jesus atentos para que nada falte à alegria das pessoas. Atentos não apenas aos dramas, às dores, às doenças, mas também à festa daqueles irmãos de vasos vazios. Preocupados para que não se apague a festa da vida, mas desabroche e multiplique o néctar da felicidade.
Em Caná nada há de meritório; apenas a pobreza do vinho e a aridez do coração. Os esposos nada fazem para merecer o milagre, mas Deus preocupado com a felicidade intervém, indiferente aos méritos, defeitos ou virtudes. E este é o Deus em que acredito: o Deus das bodas de Caná, o Deus da festa, do amor que dança, um Deus feliz que faz do amor o lugar onde brotam milagres, um Deus alegre que dá vontade de existir e de acreditar (E. Ronchi). Esse, caros amigos e amigas, é o prodígio do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou fazer o que Jesus me diz, no segredo do coração, em cada gesto do quotidiano.


REZAR A PALAVRA
Senhor, de coração tenso, no colorido da vida que dói e desabrocha em cada sim,
coloco a minha talha aos teus cuidados. Fendida, e frágil, vazia de amor,
aspira ao que a preenche, à festa do teu toque, ao perfume do teu estar,
à ternura do tua Palavra, à beleza do teu canto que me abraça e me dá vida.
Senhor, de coração em festa, neste misterioso laço que me atrai,
anseio acreditar sempre mais e provar a deliciosa essência do teu amor por mim!

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