quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

III Domingo Quaresma C




Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores  do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’ Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».

Caros amigos e amigas, o Evangelho levanta sérias questões perante o sofrimento. E também nos convida a um caminho de conversão, alentados pela esperança de um Deus seduzido pelos frutos do nosso coração.

De quem é a culpa?
Que fiz eu para merecer isto? Quem é o responsável pelo sofrimento? Porque é que Deus permite a morte dos inocentes? Onde estavas, Deus? Tantos porquês sem resposta, diante dos dramas e tragédias humanas, principalmente no dia em que a dor incompreensível nos desfigura a alma. Contudo, se não encontrarmos um culpado ou uma justificação, preferimos que a culpa morra solteira…
O que acontece, na minha vida e na crónica de todos os dias, não pode ser atribuído impunemente à vontade de um Deus que se serviria dos acontecimentos para premiar ou castigar. O sucesso e o triunfo não são um sinal evidente de bênção de Deus, assim como uma desgraça, um luto, um acumular de sofrimentos não podem ser lidos como castigo dos pecados.

“Se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo”
Parece-nos evasiva a resposta de Jesus. Contudo, Ele não vê nas tragédias o dedo justiceiro do Criador. Não é Deus que arma os Pilatos desta terra, derruba torres ou acrescenta sangue ao sangue já derramado. A vida não acontece na sala de um tribunal, nem Deus desperdiça a eternidade em vinganças.
Perante os acontecimentos terríveis, Jesus convida-nos a olhar para dentro e interroga a responsabilidade de cada um. A verdadeira pergunta não é onde estava Deus, naquele dia? mas, onde estava o homem?, onde estava eu?. Na verdade, a dor não pede justificações, mas partilha; o sofrimento não procura culpados mas irmãos que saibam estar, como Maria, junto às infinitas cruzes da terra onde Cristo é ainda crucificado. De uma coisa temos a certeza: Deus está presente, “potente como o amor, impotente como o amor. Porque pode apenas aquilo que pode o amor” (Ronchi).
Se o homem não muda, se não segue outras estradas, se não se converte em construtor de paz e liberdade, então esta terra caminha para a ruína, pois alicerçada nas areias da violência e da injustiça. Se não nos arrependermos, morreremos! Talvez não no fragor dos desabamentos, mas no drama silencioso da infertilidade, na tragédia de uma vida sem sabor, no deserto de um coração ressentido e amargurado.

“Talvez venha a dar frutos”
Esta é a esperança de Deus! Um Deus que se contenta com um frágil e pobre “talvez”, movido pelo sonho de futuros frutos saborosos. Converter-se é acreditar neste Deus que não ameaça os servos de morte, mas onde o bem e a beleza possível do amanhã contam mais que a infertilidade de ontem. Há em gestação, em cada um de nós, sorrisos que iluminam, mãos que abraçam, pães que se partilham, cruzes que se carregam, dores que se segredam, confidências que se comungam… Há em cada um de nós sementes capazes, na persistência e no trabalho incansável do amor, de fecundar milagres.
O Deus de Jesus não resolve as coisas com uma varinha mágica, mas é Aquele que com a paciência do vinhateiro ama a sua criação, não se cansa de lhe querer bem, renuncia à tentação de arrancá-la. Um Deus sempre à espera que, no horizonte da estrada, reapareça o filho amado para o abraçar. E isso, caros amigos e amigas, é doce fruto do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou criar um estilo de vida alternativo aos códigos burgueses vigentes na sociedade.

REZAR A PALAVRA
Senhor, da teimosa esterilidade da minha entrega, grito a sede que tenho de Ti
e a urgente necessidade do Teu Sol, para aquecer minhas raízes frias e minha seiva
endurecida e estática. Questionas as minhas rotinas que confundem o valioso com o útil, o bom com o que me apetece, a felicidade com o bem estar. Só a Tua bondade pode
transformar o meu “sobreviver” em criatividade, o meu “desperdício” em muitos frutos!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

JEF e Bento XVI


Nas JMJ de Madrid, a JEF esteve bem perto de Bento XVI.
De coração grato ao Senhor, por tão especial instrumento de Paz e Bem, cantamos a alegria da missão e o mistério do amor de Deus que nos envolve!
Em nossos ouvidos ainda ecoa o grito dos jovens pelas ruas e metros de Madrid:
"Esta és, la juventud del Papa!"


2.ª Visita Pereira/Macedo

Na tarde do dia 24 de fevereiro, o secretariado JEF visitou os grupos de Pereira e Macedo, reunidos na Casa do Menino Jesus, em Pereira. Foi um tempo de formação cobre a Fé, como FÉ-rmento, na qual lembramos que somos enviados em missão na construção do Reino de Amor. O encontro terminou com um forte momento de oração, através da Lectio Divina, na capela da comunidade.




quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

II Domingo Quaresma C



Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer. Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.

Caros amigos e amigas, neste II Domingo de Quaresma somos convidados a passar do silêncio do deserto para a luz transfiguradora de Cristo. Somos ícones incompletos, criados à imagem e semelhança de Deus, com um belo coração refulgente, capaz de iluminar e ver mais além.

Do deserto ao Tabor
Jesus toma consigo três discípulos e sobe ao monte, ali onde o dia amanhece mais cedo e se pousa o último raio de sol. Ali, Ele faz resplandecer a existência, reacende a chama das coisas, faz luzir o amor, dá esplendor aos encontros. Ainda hoje, o Mestre nos convida também a passar dos nossos desertos para aqueles lugares de luz, de encontro, de beleza e harmonia. Mesmo se alternamos trevas e luz, sombras e sol, tentação e transfiguração, estamos destinados àquela beleza que une as pessoas, a lei, os profetas, a Escritura e o universo. A nossa vocação está em libertar toda a beleza que Deus colocou em nós. No caminho ascendente do Tabor, o rosto do outro é uma lâmpada que ilumina os meus passos quando, nas suas vestes e na sua vida, descubro sementes de ressurreição.

“Como é bom estarmos aqui”!
Sim, é bom estar ali onde o mistério da pessoa brilha e ilumina, onde as palavras revelam os tesouros do coração, onde a Palavra chama, faz existir, floresce a vida e a torna bela.
Sim, é bom estar ali onde o céu encontra a terra, onde o tempo se enamora da eternidade, onde a história converge toda num momento. É belo estar ali onde Deus e o homem se descobrem, onde a fragilidade humana vê a glória divina, onde o Pai pronuncia intimamente o nome do Filho.
Sim, amigos e amigas, é belo estar aqui, nesta humanidade grávida de luz que se vai transfigurando! É belo ser de Cristo e saber que não é a tristeza a nossa verdade, mas é a luz. A partir do monte luminoso da alma, uma história de luz transparece no rosto de quem acolhe o tesouro do outro. A contemplação do rosto de Cristo, ícone da beleza de Deus, ensina-nos a beleza que salva o mundo!

Transfigurados na beleza do Amor
Como Pedro também nós gostaríamos de acampar na montanha das nossas solidões e preguiça, e não descer ao vale da vida para enfrentar o cansaço da conversão e o escândalo da cruz. Mas Jesus recorda que há sempre uma luz antes da escuridão, que há uma transfiguração antes da crucifixão, para que no meio de qualquer escuridão permaneça a experiência e a recordação da luz, da palavra e da presença de Deus.
Dos três discípulos, apenas João, nas trevas do calvário, procurará entrever, através dos furos que os pregos rasgaram, a luz gloriosa da ressurreição e, no corpo desfigurado do crucificado, verá pronunciar-se a sublime beleza de Deus. Naquela tarde, recordando a voz do Tabor, o discípulo amado reconhecerá nas palavras do centurião a verdadeira identidade do moribundo: “Ele é o Filho de Deus”. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Procurarei moldar a minha fisionomia, segundo a beleza contemplada no Filho de Deus.

REZAR A PALAVRA
Ó Beleza, “sempre antiga e sempre nova”, o teu rosto proclama a minha sede
de encontro com a Luz e convoca a minha peregrinação rumo ao teu esplendor!
Mostra-me o rosto, chagado ou glorioso, que tem o segredo da minha plenitude.
Convida-me à intensidade da tua presença, atmosfera de memória e de profecia!
Abre-me os olhos e os ouvidos como a um discípulo dócil que vê e que escuta:
terei forças para desentorpecer o comodismo e retomar a estrada rumo a Jerusalém.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Lectio Divina JEF e Seminário

Na noite de segunda feira, dia 19 de fevereiro, a JEF, em conjunto com o Seminário Menor de Bragança, orientou a primeira Lectio Divina proposta pelo Secretariado Juvenil da Diocese de Bragança-Miranda e seguindo o esquema lançado pelo Bispo da Diocese. Foi um tempo muito sereno e belo na presença do Senhor que nos convida a "deixar tudo e ir para a terra que Ele indicar"!






Missio CIRP Freixo

A JEF esteve presente na celebração do Dia do Consagrado da Diocese de Bragança Miranda.
Na noite do dia 16 de fevereiro, orientou uma vigília de oração vocacional na Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta, onde esteve presente o grupo JEF de Ligares e de Freixo com toda a comunidade paroquial. Foi um tempo muito forte de oração em redor da palavra e da presença eucarística do Senhor.

Na manhã de Domingo, 20 jovens e crianças, partilharam a alegria de sermos franciscanos, e caminhando até ao Cabecinho (Nossa Senhora dos Montes Ermos), fomos explorando a caminhada quaresmal, através da meditação e reflexão da Palavra de Deus em várias paragens. Foi um tempo muito rico de partilha e convívio.
Ao início da tarde, os jovens e as crianças marcaram também a sua presença na Eucaristia festiva do Dia do Consagrado, assim como no lanche partilhado. 









A GRANDE ENTREVISTA III


O jovem Hélder Pires Ferreira é professor de EMRC na Escola Emídio Garcia, em Bragança e membro do Secretariado de Liturgia da Diocese de Bragança-Miranda, entre outros serviços que desempenha na Igreja. Neste ano em que somos convidados a fazer uma reflexão sobre as razões da nossa fé, o Sementinha decidiu fazer-lhe uma grande entrevista sobre a Fé que podes ler aqui na íntegra: 

SEM- O Santo Padre Bento XVI proclamou este ano como o Ano da Fé, neste âmbito urge perguntar o que significa para ti a expressão ter Fé, ou simplesmente o termo Fé?

HÉLDER PIRES: Ao ler a pergunta recordo as palavras da prof. Elisa Urbano, Diretora do Secretariado Diocesano do Ensino Religioso de Aveiro, a quando do Fórum de EMRC em 2013, no início da sua conferência, “estava em pânico, porque tinha de falar de amor ”. E eu inicio da mesma forma… Antes de falar da Fé é importante falar de Amor. Amor pela vida e sentir-se amado por este Deus em que acreditamos mas Fé para mim será acreditar. Mas mais que acreditar é confiar, num Deus que nos ama, e que não nos abandona… No entanto é importante perceber ou sentir a Fé… A fé não se ensina, vive-se…
Muitos não entendemos o que Jesus quis dizer quando falou sobre ter fé como grão de mostarda; achamos que se tivéssemos um grão de mostarda de fé já víamos milagres a acontecer. Mas isto não faz sentido e Jesus não é incoerente a esse ponto. O que quero dizer é que Jesus não disse ter fé do tamanho de um grão de mostarda mas “como”, e aqui entra a semelhança como ponto fundamental. Semelhança entre a fé e uma semente e não sobre o tamanha da fé… Por mais pequeno que seja esse grão de mostarda faz o seu trabalho e dará os frutos que pretendemos… com a fé é igual… ela está em cada um de nós… basta abrirmo-nos a Deus e deixar que ele faça crescer os frutos…


SEM - Sendo tu um jovem católico, estás disposto a viver a Fé no quotidiano da tua vida? De que forma a consegues viver e manifestar?

HÉLDER PIRES: Venho recentemente do Fórum de EMRC onde me foi pedida uma intervenção sobre a minha relação pedagógica… Na altura fiquei em pânico porque não sabia de que forma poderia dar o meu contributo… mas mais uma vez estava perante a necessidade de mostrar de que forma vivia a minha fé ou o meu testemunho cristão.
De facto hoje é um desafio sermos crentes… todos os dias nos são colocadas questões que motivam a nossa Fé. Dizia no Fórum de EMRC a uma colega, “depois desta conferência que vamos nós fazer na mesa redonda… figura de ursos, ao que ela respondeu, mas somos uns ursos felizes” e é mesmo isto. De facto quando temos Cristo connosco somos muito mais felizes, e o desafio da vida torna-se muito mais aliciante.
Quer na escola onde trabalho, quer nas funções da Diocese que me estão destinadas, quer no meu dia a dia como jovem… sou a mesma pessoa. Não dispo a capa de Cristão à entrada da escola… e a visto de seguida para ir à Igreja.
Voltando ao grão de mostarda, se eu tiver um grão de mostarda, mas se achar que ele não é suficiente para o que eu preciso e quero aumentar o meu stock de mostarda que devo fazer?? Plantar para que possa colher mais. Toda semente plantada multiplica-se… 
Assim é com a fé. Não importa se o que temos é pouco, interessa é perceber que eu posso aumentar e fazer crescer a minha Fé. 
Para que nossa fé cresça, temos que SEMEÁ-LA. E a forma pela qual se semeia a fé é mediante seu exercício; quando usamos a fé que temos para uma necessidade específica, e vemos a intervenção de Deus, colhemos mais fé. Pois à medida que a usamos, e vemos os resultados, ela fortalece-se e assim vai crescendo. 
Ou seja na minha vida há esta necessidade de ir semeando a Fé, cada dia, para a fortalecer… e claramente ser testemunho disso para quantos me rodeiam transmitindo-lhes que quando as coisas vêm de Deus e são feitas com Amor perduram.


SEM - Face ao teu testemunho de Fé, nas diferentes áreas em que exerces funções, que comentário te apraz fazer à seguinte afirmação: “Difícil não é ter Jesus no peito, difícil é ter peito para falar de Jesus!” Pensas que ela resume a tua posição perante a Igreja?

HÉLDER PIRES: Esta é uma frase desafiante…De facto como Cristão, não é difícil ter Jesus no peito… fui criado no seio de uma família Católica praticante onde a eucaristia fazia parte da nossa rotina de domingo… e tornou-se uma necessidade…e aí se inicia a minha relação com Deus. E portanto ter Deus como “amigo”, amá-lo e trazê-lo no peito sublinhando a expressão não é difícil… mas falar de Jesus já se torna um desafio… vivemos numa sociedade em que diariamente somos confrontados com situação e questões como: “se Deus é bom porque acontece isto”, “se Jesus fala do amor porque foi ele morto”… entre outras questões que se tornam um desafio a sua resposta… 
Como professor de Educação Moral e Religiosa Católica vivo diariamente confrontado com essas questões no entanto eu sou apenas aquele que está a pontar para a verdade, à semelhança de S. João Baptista… ele não quis ter o protagonismo, mas deu a conhecer a verdade aos seus discípulos. Na minha vida sou também apenas aquele que aponta o caminho, ou seja preparo o terreno para que a semente seja plantada pelo semeador que é Cristo. Como cristão identifico-me com uma espécie de Loja de Deus, em que apenas se “vendem” as sementes… o resto é trabalho nosso de querer ter essa semente no nosso lavrado.


SEM - Por vezes, a nossa Fé é posta à prova pelas dificuldades e sofrimentos que experienciamos, seja a nível individual, familiar ou comunitário. Assim, de acordo com a tua vivência, que opinião manifestas sobre a seguinte afirmação de Bento XVI: “…as provas da vida, ao mesmo tempo que permitem compreender o mistério da Cruz e participar nos sofrimentos de Cristo, são prelúdio da alegria e da esperança a que a Fé nos conduz: “Quando sou fraco, então é que sou forte” (Cor 12,10).” 

HÉLDER PIRES: Este é um ponto sensível da fé… a primeira reacção que temos perante uma situação difícil na vida… é sempre olhar para Deus e pensar porquê a mim… castigo? O que eu não fiz que Tu querias? Onde estás?
Infelizmente perdi o meu pai recentemente… com uma doença que chamo da moda… e obviamente a primeira reação que tive foi… porquê a mim?… castigo? Trabalho tanto na “Tua Vinha” e é isto que recebo de presente? 
Mas com boas ajudas que recebi e aproveito para agradecer… consegui mudar esta filosofia de pensamento… será isto para glória de Deus? E é neste momento que passo a olhar o mistério da Cruz e da Paixão de Cristo com outros olhos… quanto não sofreu Jesus? Seria castigo de Deus? Não me parece… quanto sofreu Maria aos pés da Cruz vendo o seu filho morto e crucificado… que pensamento ocorrem em Jesus e sua mãe quando os olhares se cruzam a caminho do calvário… Deus também não quis aquele sofrimento… é neste momento que olho para a Ressurreição de Cristo como a meta… Portanto despedi-me do meu pai na terra… mas acredito que Deus o acolheu de braços abertos, e que tudo é para glória Dele… porque é nos momentos das maiores fraquezas que Deus nos acompanha… como diz o célebre poema de pegadas na areia:” Meu precioso filho. Eu te amo e jamais te deixaria nas horas da tua prova e do teu sofrimento. Quando vistes na areia, apenas um par de pegadas, foi exactamente aí que EU, Te carreguei nos braços...”


SEM - …“O dinamismo da Igreja é a força da Fé.”… Porém, na sociedade onde vivemos, muitas são as vozes que se erguem para criticarem a Igreja por essa falta de dinamismo, tanto no anúncio de Cristo ao próximo, como nas celebrações paroquiais e festivas. Neste âmbito, na tua prespetiva, o que mudarias ou implementarias na nossa diocese para que a juventude passe da crítica, a uma atitude de compromisso?

HÉLDER PIRES: Começo pelo óbvio, porque por ser óbvio também deve ser dito, no mundo atual, é fácil criticar, o difícil é apontar soluções.
Face às críticas tenho sempre uma postura de comunhão de acolher sempre tudo que sejam opiniões e/ou sugestões. No entanto, não deixo de ter uma postura diferente se a crítica não vier acompanhada de uma sugestão de melhoria. A crítica pela crítica é uma postura confortável. Mas essa não ajuda a crescer e a melhorar. O fazer alguma coisa, ocupa o tempo que nos dias que correm é tão precioso, mas se todos colaborarmos torna-se o jugo mais suave e dessa forma conseguimos levar a mensagem melhor e a mais pessoas. 
Sou da opinião que fazer muitas coisas não é solução… e a solução passaria por fazer pouco mas coisas bem feitas… apostar em momentos de oração, mas esses momentos têm de ter uma temática pensada, um dinamismo associado, uma boa divulgação para que não se caia no erro de fazer coisas onde apenas aparecem os intervenientes na acção. É preciso trazer as pessoas à igreja, e mostrar o encanto e a beleza que a Igreja tem. A nossa liturgia católica é belíssima, com ritos de uma beleza incomparável e é estes ritos que a igreja tem de apostar. O canto é a parte mais sensível da Liturgia e que deveria ser cuidada, apostar na criação de bandas Juvenis com canções de mensagem, há agora um projecto “Alma” que deveriam ter mais projecção porque trazem a música de mensagem juvenil mas com uma nova roupagem… E depois apostar na cidade em que haja eucaristias de carácter juvenil, onde os jovens pudessem ver ali reflectido o seu espírito, recordo uma eucaristia que participei com 14 anos em Braga, seriam umas 21h de sábado quando a eucaristia começava, um coro dinâmico, um padre que tinha palavras de acolhimento aos Jovens… e o meu espanto a igreja estava repleta de jovens… àquela hora… Isto tem de nos fazer pensar…Porque não apostar em momento de oração inspirados no exemplo de Taizé.
Sei que é um desafio, mas temos de trabalhar a parte Juvenil na nossa Diocese, há um longo caminho a percorrer, mas onde todos a começar nos párocos devem ter empenhamento na criação dos grupos Juvenis e a partir daí começar a mexer e a remexer esta nossa amada diocese, usando a expressão do Sr. Bispo. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

I Domingo Quaresma C




Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. O Diabo disse-lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’». O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’». Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’». Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.

Caros amigos e amigas, o Evangelho convida-nos ao deserto. Desde a quarta-feira de cinzas, a Quaresma recorda que somos pó. Contudo, este pó habitado pelo Espírito é, ainda hoje, a obra-prima da criação. Tão bela e delicada que, cada ano, o Artista a conduz ao deserto para lhe reavivar todo o seu esplendor.

“Estar no deserto, conduzido pelo Espírito”
O deserto é um lugar misterioso e intrigante, um espaço onde a sobrevivência e a morte caminham lado a lado, local de desafios e de audácia. É também o lugar onde Deus conduz os profetas para lhes falar ao coração, onde caminha com o povo hebreu partilhando a sua vida. Hoje, também as nossas cidades têm os seus desertos: o deserto da solidão e tristeza de tantos; o deserto de uma crise que avança impiedosa; o deserto de muitas perguntas sem respostas… Na verdade, basta uma quebra em Wall Street e falta o pão na nossa casa; basta uma febre e definha a saúde; basta uma união desfeita e desaparece alegria. Mas, se o Evangelho nos convida a entrar no deserto é porque – como disse Saint-Exupéry – em cada deserto há um poço, em qualquer angústia existe um rebento de ressurreição. No deserto são as estrelas que traçam a rota. Talvez ali descubramos dentro de nós a nostalgia do Céu, a liberdade desmesurada, o silêncio que permite a escuta, a luz que desmascara as trevas, a presença capaz de um encontro…

“Se és Filho de Deus”
As três tentações metem em jogo a relação filial de Jesus com o Pai, são um desafio entre dois projectos, são uma escolha entre dois amores.
As tentações são a divisão do nosso coração feito de cinzas e de luz, são um convite a alimentar-se só de pão, a contentar-se com a própria história, a viver sem sonhos, a silenciar a voz de Deus. O silêncio é então quebrado por aquela insinuação diabólica que gostaria de minar a nossa confiança no Amor: “onde está o teu Deus”? Todos sabemos que somos mendigos de pão, mas não podemos esquecer que somos também pedintes do céu e da eternidade, somos possuidores de tanta coisa mas mendicantes da beleza e do amor. O pão é bom e necessário, sacia o estômago, mas só Deus sacia a vida. Doutro modo, a existência é uma saca cheia de pedras que se tornaram pão duro e amargo de cada dia.

“Está escrito”
Nas três tentações Jesus convoca Deus ao seu lado e cada resposta é silabada e gritada com o alfabeto da Palavra de Deus: “está escrito...!”, está gravado no coração! Porque o que se escreve permanece, é promessa, é realidade! Jesus não dialoga com o Diabo, mas contrapõe sempre um amor maior: o de um Pai que nunca o abandona.
O grande engano é acreditar que o tesouro da vida esteja num naco de pão, na folia do poder ou no excesso de sucesso. O engano é acreditar que assim se pode eliminar a fome do céu e de paz. O maior engano é servir-se da vida caminhando nas palmas de anjos, sem avançar como crianças confiantes apenas na força com que nos aperta o abraço do Pai.
Mesmo quando caímos dos pináculos vazios da vida, Ele está presente. Talvez não como nós desejaríamos, mas à sua maneira. E não para evitar a queda, mas para ajudar a levantar e a continuar. E, então, fazer florescer o deserto. Isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou deixar um pouco da minha semana para me retirar e descobrir o que me tenta.


REZAR A PALAVRA
Senhor, ajuda-me a retirar de mim o que me desliga de Ti...
No deserto da minha busca de da fonte, não desejo pão passageiro, nem estradas
imediatas, apenas aspiro por Ti, alimento seguro. No alto das colinas do eu,
não desejo fama nem reconhecimento vão, apenas o Teu colo que me alenta
e me faz ser. Na Jerusalém de um mundo inquieto e desorientado, nao desejo poder egoísta nem autoridade vazia, apenas a Tua Palavra como norma e meta do caminho.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Vaticano: Bento XVI apresenta resignação (oficial)


Caríssimos Irmãos,
convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013."


Vaticano: Bento XVI apresenta resignação (oficial)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

V Domingo Comum C




Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.

Caros amigos e amigas, Lucas narra a vocação dos primeiros discípulos. Fala-nos daquele imenso amor de Jesus que faz passar de uma noite estéril de desilusões para um dia audaz de decisões!

“Faz-te ao largo e lançai as redes”
Tinha sido uma canseira inútil. Pedro, desiludido, reflecte a noite escura e infrutuosa, após ter lutado contra as ondas do lago e a greve dos peixes. De mãos vazias, regressa à margem onde encontra Jesus que lhe pede hospitalidade na sua barca e de fazer-se ao largo. Talvez tenha sorrido interiormente, vendo a inexperiência do carpinteiro na faina da pesca. Contudo, aceita o desafio e lança de novo as redes.
O pedido de Jesus é insensato e absurdo, mas a sua palavra enche o coração e as redes de confiança. O Mestre sobe na barca de Pedro, deixa a terra firme e abandona-se à imprevisibilidade do mar. É também Ele que sobe na barca da nossa vida, tantas vezes, vazia. É Deus que abandona os céus à nossa procura e nos alcança também no fim de uma noite infrutuosa, no momento menos místico que possamos imaginar. E roga-nos um gesto de confiança, aparentemente inútil, de lançar as redes para o lado pobre da nossa vida, de não contar sobre as próprias capacidades, mas de ter fé. E pede-nos para recomeçar com aquele pouco que temos e sabemos, confiando-nos um novo mar.

O milagre do Evangelho
A abundância do peixe quase afunda o barco. Contudo, o maior milagre do Evangelho não é a barca sobrecarregada, nem as redes abandonadas. O milagre é Jesus que não se deixa impressionar pelo cansaço, desilusão, temor ou pecado de Pedro. O verdadeiro prodígio é Jesus que, face à infertilidade, levanta a coragem e recomeça um futuro novo desde o lugar onde tínhamos desistido. A maravilha é Jesus que nos vem ao encontro e nos confia o Evangelho ali onde tudo parecia ter secado e escurecido. O verdadeiro milagre é o arriscar e o confiar de Jesus em Pedro e em seus companheiros. Eles seguem-No porque já antes Jesus subira na sua barca! Deus antecipa-Se sempre à nossa procura. O milagre é uma resposta ao Amor obstinado do nosso Deus que torna o mar avarento e inquieto da nossa vida num lugar de riqueza e de encontro.
Jesus lê o interior de Pedro e acredita que a fragilidade do pescador pode encher-se de um precioso tesouro. Ainda hoje, o Mestre pede-nos aquela capacidade de coragem e fecundidade adormecida em cada um de nós. Para Jesus, o bem do amanhã vale mais do que o mal de ontem, e as redes cheias de hoje valem mais do que todos os falhanços do passado.

“Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens”
Como Pedro, não basta dizer que somos pecadores; não basta gritar para Deus se afastar ou fugir da sua presença e, assim, fecharmo-nos ao milagre e a novos horizontes. Porque ainda hoje ecoa nas margens do nosso coração este convite a ir mais longe, a lançar redes e laços de amor, a aprofundar o sentido da vida, a ser pescador da humanidade, a fazer desabrochar toda a beleza dos filhos de Deus.
Só o amor de Deus faz florescer em desmedida a humanidade que há em nós. Só o amor, caros amigos e amigas, é o segredo do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou cultivar a audácia de acreditar, de confiar no poder do amor de Deus.

REZAR A PALAVRA
Senhor, assustam-me os tumultos do mar à minha volta, tenho a vontade atada de pessismismos,
as incertezas, a pobreza do meu coração desencorajam-me mais uma tentativa...
Vem abrir a porta ao milagre, Senhor da Vida, afunda-me na Tua Palavra,
liberta as redes do meu medo, e molda no meu coração um coração de discípulo.
É a hora de ser pesca, de ser isco e de ser pescador no mar do Teu amor!