quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

V Domingo Comum C




Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.

Caros amigos e amigas, Lucas narra a vocação dos primeiros discípulos. Fala-nos daquele imenso amor de Jesus que faz passar de uma noite estéril de desilusões para um dia audaz de decisões!

“Faz-te ao largo e lançai as redes”
Tinha sido uma canseira inútil. Pedro, desiludido, reflecte a noite escura e infrutuosa, após ter lutado contra as ondas do lago e a greve dos peixes. De mãos vazias, regressa à margem onde encontra Jesus que lhe pede hospitalidade na sua barca e de fazer-se ao largo. Talvez tenha sorrido interiormente, vendo a inexperiência do carpinteiro na faina da pesca. Contudo, aceita o desafio e lança de novo as redes.
O pedido de Jesus é insensato e absurdo, mas a sua palavra enche o coração e as redes de confiança. O Mestre sobe na barca de Pedro, deixa a terra firme e abandona-se à imprevisibilidade do mar. É também Ele que sobe na barca da nossa vida, tantas vezes, vazia. É Deus que abandona os céus à nossa procura e nos alcança também no fim de uma noite infrutuosa, no momento menos místico que possamos imaginar. E roga-nos um gesto de confiança, aparentemente inútil, de lançar as redes para o lado pobre da nossa vida, de não contar sobre as próprias capacidades, mas de ter fé. E pede-nos para recomeçar com aquele pouco que temos e sabemos, confiando-nos um novo mar.

O milagre do Evangelho
A abundância do peixe quase afunda o barco. Contudo, o maior milagre do Evangelho não é a barca sobrecarregada, nem as redes abandonadas. O milagre é Jesus que não se deixa impressionar pelo cansaço, desilusão, temor ou pecado de Pedro. O verdadeiro prodígio é Jesus que, face à infertilidade, levanta a coragem e recomeça um futuro novo desde o lugar onde tínhamos desistido. A maravilha é Jesus que nos vem ao encontro e nos confia o Evangelho ali onde tudo parecia ter secado e escurecido. O verdadeiro milagre é o arriscar e o confiar de Jesus em Pedro e em seus companheiros. Eles seguem-No porque já antes Jesus subira na sua barca! Deus antecipa-Se sempre à nossa procura. O milagre é uma resposta ao Amor obstinado do nosso Deus que torna o mar avarento e inquieto da nossa vida num lugar de riqueza e de encontro.
Jesus lê o interior de Pedro e acredita que a fragilidade do pescador pode encher-se de um precioso tesouro. Ainda hoje, o Mestre pede-nos aquela capacidade de coragem e fecundidade adormecida em cada um de nós. Para Jesus, o bem do amanhã vale mais do que o mal de ontem, e as redes cheias de hoje valem mais do que todos os falhanços do passado.

“Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens”
Como Pedro, não basta dizer que somos pecadores; não basta gritar para Deus se afastar ou fugir da sua presença e, assim, fecharmo-nos ao milagre e a novos horizontes. Porque ainda hoje ecoa nas margens do nosso coração este convite a ir mais longe, a lançar redes e laços de amor, a aprofundar o sentido da vida, a ser pescador da humanidade, a fazer desabrochar toda a beleza dos filhos de Deus.
Só o amor de Deus faz florescer em desmedida a humanidade que há em nós. Só o amor, caros amigos e amigas, é o segredo do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou cultivar a audácia de acreditar, de confiar no poder do amor de Deus.

REZAR A PALAVRA
Senhor, assustam-me os tumultos do mar à minha volta, tenho a vontade atada de pessismismos,
as incertezas, a pobreza do meu coração desencorajam-me mais uma tentativa...
Vem abrir a porta ao milagre, Senhor da Vida, afunda-me na Tua Palavra,
liberta as redes do meu medo, e molda no meu coração um coração de discípulo.
É a hora de ser pesca, de ser isco e de ser pescador no mar do Teu amor!   

Nenhum comentário: