quinta-feira, 16 de agosto de 2012

XX Domingo Comum B


Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que Eu hei-de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». E Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».

Caros amigos e amigas, a Palavra apresenta-nos uma dúvida dos judeus: Como pode Jesus dar-nos a sua carne a comer? Cristo responde-nos com uma proposta: Eu sou o pão vivo... Nesta refeição de fé, esperança e amor, somos convidados a sentar-nos à mesa e a saborear o banquete que o Senhor nos prepara.

Se não comerdes… e não beberdes… não tereis a vida
A pergunta dos judeus é também hoje a nossa: Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?
Mas para Jesus tudo é claro, se não comermos a sua carne e não bebermos o seu sangue morreremos, não teremos vida. Nele encontramos as vitaminas para o caminho, os nutrientes do amor que nos protegem do individualismo, a essência da esperança que nos fortalece nas noites escuras. Jesus não pede à multidão que apenas o toque, ou o escute, que apenas o imite ou o siga, pede-lhes e pede-nos que o comamos! Que comamos a sua carne, verdadeira comida, que penetremos na sua humanidade e nos deixemos transformar pelo seu mistério. Convida-nos a beber o seu sangue, verdadeira bebida, o sangue da entrega e do sacrifício por amor. Só nesta refeição de fé, teremos a vida, a vida que não mais tem fim, a vida eterna.

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele
Fazer parte desta refeição, abraça-nos de tal forma que deixamos de ser nós, para ser Cristo a viver em nós. Este diálogo de amor derrete o nosso coração de pedra que acabará por se fundir no coração de Cristo. Assim, comendo a sua carne e bebendo o seu sangue, qual refeição mística e profética, permanecemos nessa atmosfera de amor, que nos possui e liberta, que nos segura e impulsiona.
Permanecer em Cristo é uma aspiração permanentemente insatisfeita. Saborear Cristo, aumenta a nossa fome dele, porque nada mais nos pode dar a verdadeira vida. Quem olha Cristo, fica viciado no amor, dependente da sua palavra, saudoso permanente do seu Espírito. Permanecemos em Cristo, porque nos sentimos sós quando, por qualquer motivo, nos afastamos dele. Permanecemos em Cristo, porque ele permanece sempre connosco, nos espera, perdoa e abraça em seu colo regenerador. Permanecemos em Cristo porque nada somos sem o seu sopro de vida que nos inflama. Fora de Cristo, estamos fora de nós, desligados da única verdade, da eterna vida, do reto caminho. Cristo é aquele que permanece e nos convida a permanecer nele. A eucaristia realiza como sinal a nossa incorporação em Cristo e nos irmãos. Não é possível permanecer em Cristo sem celebrar, adorar e viver a Eucaristia.

Aquele que Me come viverá por mim
Não podemos encerrar em nós o amor de Deus sem o difundir pelos outros (D. Abílio Vaz das Neves). Não podemos calar tal prato delicioso que Deus nos apresenta continuamente. Não podemos esconder tal tesouro que trazemos, mesmo que, “em vasos de barro”. Aquele que come Cristo, não mais terá vontade diferente da de Deus. Aquele que saboreou Cristo, abandonou-se em Seus braços e deixou que fosse Ele a conduzir o barco. Aquele que bebeu a frescura de Cristo, prostrou-se diante do mistério e deixou que a sua úncia certeza fosse o amor.
Viver por Cristo, é colocá-lo em primeiro lugar, nada antempor a Ele. Cristo dá-se em alimento, presente que nos oferece a vida eterna, basta acolhê-lo e deixar-se transformar pela vida que nunca acaba. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho.

VIVER A PALAVRA
Através da participação na Eucaristia, vou deixar que Cristo tome conta da minha vida.

REZAR A PALAVRA

Ó Deus, só tu sabes o que é a vida, pois és o autor vida, a ardente ambição da vida!
A revelação mais preciosa da vida é esta: quem te come viverá por ti!
Fonte originante, energia criadora, tens o sabor da eternidade e a delícia do Céu;
quero viver dependente de ti, as raízes do ser fincadas no teu amor!
Não mais viverei sob o jugo de apetites, sob a ditadura das coisas passageiras;
quero viver orgânicamente em ti, na comunhão do teu Corpo que é a Igreja.
Aceito o convite do banquete, pão amassado na entrega, vinho destilado na Cruz;
quero viver por ti e para ti, único que tens as coordenadas da minha plenitude. 

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