quinta-feira, 4 de outubro de 2012

XXVII Domingo Comum B


Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus uns fariseus para O porem à prova e perguntaram-Lhe: «Pode um homem repudiar a sua mulher?». Jesus disse-lhes: «Que vos ordenou Moisés?». Eles responderam: «Moisés permitiu que se passasse um certificado de divórcio, para se repudiar a mulher». Jesus disse-lhes: «Foi por causa da dureza do vosso coração que ele vos deixou essa lei. Mas, no princípio da criação, ‘Deus fê-los homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne’. Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu». Em casa, os discípulos interrogaram-n’O de novo sobre este assunto. Jesus disse-lhes então: «Quem repudiar a sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher repudiar o seu marido e casar com outro, comete adultério». Apresentaram a Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os discípulos afastavam-nas. Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não acolher o reino de Deus como uma criança, não entrará nele». E, abraçando-as, começou a abençoá-las, impondo as mãos sobre elas.

Fiel ao amor do Pai, Jesus bebe dessa fonte de bem e ensina-nos, neste Domingo, a beleza e o desafio da comunhão. Num convite a derrubar a dureza do nosso coração, o Senhor apresenta o amor fiel como caminho simples e verdadeiro para a felicidade.

Dureza do vosso coração
Jesus, mestre supremo, acolhe as dúvidas e preocupações dos fariseus como ponto de partida para uma catequese sobre o respeito e a comunhão. O projeto original de Deus convida à fidelidade e à igualdade de direitos. Confrontado com a questão do repúdio das mulheres, inscrita na lei, não pela sua essência mas pela dureza do coração dos homens, Jesus propõe a aliança como caminho e meta. Deus quer uma vida mais digna e segura para as esposas mal tratadas pelo homem que se foi baseando na lei da superioridade masculina. Hoje, seguidores de Jesus Mestre, não podemos legitimar nada que promova a discriminação ou exclusão da mulher. Jesus continua a propor-nos que renunciemos à “dureza do nosso coração”, impermeável à bondade e ao diálogo.

Não separe o homem o que Deus uniu
Falar de fidelidade, de compromisso, parece já não ser tema. Também no tempo de Jesus surge a necessidade de recordar a importância da união matrimonial. Se acreditamos que Deus nos ama e em tudo concorre para nosso bem, porque tendemos a destruir o que pelas Suas mãos constrói? Porque teimamos em separar o que Ele uniu? Ou não foi Ele que criou os laços que nos pertencem?
Podemos considerar o amor espontâneo, como algo que vem e vai, sem raiz, em que a primeira tempestade deita por terra o pouco que foi construído. Será esse o amor que Deus derrama em nossos corações?
Podemos afirmar que o casal não se basta a si e é sempre natural encontrar fora dele, algo mais que sacie os seus desejos pessoais. Será essa a fidelidade que o Senhor nos ensina?
O amor verdadeiro, que se prova na dúvida, na dor e no tempo, jamais passará. É esse o único amor. Aquele que permanece na tempestade, porque enraizado numa relação a três: ele, ela e Deus. Quando Deus constrói o amor, ele permanece. Quando não há Deus, também não há amor…

Deixai vir a mim as criancinhas
Tal como os discípulos, também nós estorvamos, por vezes. Não somos sinal, instrumento que conduz a Deus. Interrompemos a corrente de amor, que nasce do coração de Deus, com os nossos julgamentos, desejos e interesses. Esquecemos o diálogo como fermento de comunhão. Esquecemos o olhar, como estrada para o perdão. Esquecemos o abraço, como porta do coração. Esquecemos a palavra dada, o compromisso, o fulgor e a paixão do início, porque deixamos o nosso coração de pedra ficar de plástico para ser deitado fora. Aprendamos com Jesus, a simplicidade das crianças, o acolhimento, a fidelidade. Aprendamos com Jesus a construir um coração de carne, atento, fiel. Sejamos crianças, dóceis, sedentas do verdadeiro amor que nos faz crescer. Sejamos crianças, sinceras, transparentes, fiéis ao amor. Sejamos Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou procurar encarnar o espírito de simplicidade e verdade, para acolher Deus e os irmãos.

REZAR A PALAVRA

Pai amoroso e fiel, mistério de Pai e de Mãe, que nos abraças no teu amor,
Tu colocaste no homem e na mulher o teu património de vida
e, na verdade da sua relação, a expressão do teu amor fecundo,
Te damos graças porque, em Jesus, celebras os esponsais com a humanidade.
Que os conjuges, na sua idividualidade conjugada, proclamem
a beleza do teu amor, a solidez da tua fidelidade e a fecundidade da tua vida.
Que cada um de nós, abraçando a simplicidade da infância,
possa ser intérprete, junto dos irmãos, do Teu acolhimento e entrega.

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