domingo, 31 de março de 2013
Domingo de Páscoa C
No primeiro dia da semana, Maria
Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do
sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto
de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O
puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam
os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do
que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no
chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.
Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado
sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou
também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na
verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia
ressuscitar dos mortos.
Caros amigos
e amigas, a Páscoa é o grande domingo, o dia da maior proclamação do coração da
fé de toda a Igreja: Cristo ressuscitou, Aleluia! O texto do Evangelho de João coloca-nos em movimento no primeiro dia da semana, que é o dia da nova criação, da Páscoa
definitiva.
A descoberta do
sepulcro vazio
Madalena
viu o sepulcro vazio e correu a dizer a Pedro e João. Eles correm ao sepulcro
de Cristo vivo. A corrida exprime emoção e vontade de não perder tempo ou até
medo que seja demasiado tarde. Os discípulos verificam os sinais e um deles
acredita imediatamente. A ausência do corpo de Jesus do sepulcro podia explicar-se
de outro modo, mas ele constitui um sinal essencial para os discípulos. A
descoberta deste facto ambíguo foi, no entanto, o primeiro passo para o
reconhecimento da ressurreição, que prepara as aparições da Páscoa e será
interpretado por elas.
O Senhor ressuscitou
verdadeiramente! – eis o grito da alegre esperança transformada em certeza nos
tempos novos. Esta é a estafeta que os Apóstolos nos entregaram para a anunciar
e testemunhar.
“Viu
e acreditou”
Ver é considerado o sentido mais excelente e o que abre
mais profundamente a realidade, por isso, o mais objectivo. O acreditar é de
outra ordem. «Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos»
(Saint-Exupéry). Os olhos capazes de ver são os olhos iluminados do coração.
Acreditar é, com efeito, a certeza das realidades que não se vêem. É a adesão
pessoal do coração na fé, considerando que alguém é verdadeiro. Jesus é a
verdade, a vida e é na sua luz que vemos a luz.
A
vigília da noite pascal, lugar do admirável combate da morte e da vida: «oh
noite bendita, única a ter conhecimento do tempo e da hora em que Cristo ressuscitou
do sepulcro» (Precónio pascal) abre-nos para a luz do dia sem ocaso. O círio
pascal, símbolo eloquente do Senhor, foi novamente aceso e a sua luz
difundiu-se na noite que brilha como o dia, cuja escuridão é clara como a luz.
Caros amigos, o discípulo viu o
sudário e a mortalha e acreditou na glória do ressuscitado. Deixemos também
abrir os olhos do nosso coração, como o do discípulo
que viu e acreditou, abram-se os nossos espíritos à compreensão das Escrituras.
Cristo, nossa
Páscoa
Da sua
Páscoa Ele faz jorrar a vida. Sem a presença viva do Senhor, iniciada com a
Páscoa, não podia existir a Igreja. O
ressuscitado faz da nossa vida uma festa contínua. Por isso, a liturgia
da Igreja que nasceu da Páscoa está inundada pela admiração, exultação e
alegria, conforme os textos deste dia solene do ‘sacramento pascal’: «nasceu o
Sol da Páscoa gloriosa, ressoa pelo céu um canto novo, exulta de alegria a
terra inteira». De facto, na cruz florida da Páscoa une-se plenamente o céu e a
terra, o divino e o humano. É o zénite do Evangelho!
VIVER A PALAVRA
Quero encontrar na luz de cada manhã, a alegria de
celebrar a minha vida na Vida de Jesus.
REZAR A PALAVRA
«Sol,
lua, astros, montanhas, vales, altitudes, planícies, nascentes,
lagos,
mares, tudo o que voa, nada, rasteja,
com todas
as vossas vozes erguei cânticos à glória de Cristo.
Hoje o
Redentor do mundo regressa vencedor do inferno.
Ó autor
de todas as coisas, rogamos-te,
nesta
alegria pascal, que defendas o teu povo contra todos os ataques da morte.
Glória a
ti, ó Senhor, que ressuscitaste dos mortos
e glória
ao Pai e ao Espírito Santo por todos os séculos» (Liturgia Ambrosiana)
sexta-feira, 29 de março de 2013
No colo da mãe dolorosa...
A Pietá da Catedral de Bragança
Carregas a nossa humanidade até ao fundo do teu colo
As cidades íngremes por onde passamos, as sirenes empastadas de alarme,
O peso do corpo anoitecido
Não há árvore do horto de Deus que ao alto mais pura se eleve
Mas é doloroso trabalho o do amor em que inteira brilhas
Ó Mãe indefesa como um fogo
Passas por nós devagar as mãos protetoras
E o tempo desse amor transparente e íntimo
torna brandas as tempestades em que nos consumámos
Chovemos no teu regaço a nudez dos nossos sonhos
tatuados a cinza trémula e a vazio
Mas degrau a degrau, cambaleantes subimos
Quando inclinas para nós o manto, espaço da visão aberta
Consola-nos o abraço do teu silêncio em flor
E a canção do teu sorriso nos reergue
O milagre se faz ver no fruto do teu ventre
Em ti começa a palavra prometida e plena
Por isso festejamos a roda do teu colo
José Tolentino Mendonça
domingo, 24 de março de 2013
sábado, 23 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
Não és tu o Messias?
Quando chegaram ao lugar chamado
Calvário, crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à
esquerda. Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». (…) Os
chefes zombavam e diziam: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o
Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; (…) diziam: «Se
és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». (…) Entretanto, um dos malfeitores
que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias?
Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra,
repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós,
fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada
praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de mim, quando vieres
com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás
comigo no Paraíso». Era já quase meio-dia, quando as trevas cobriram toda a
terra, até às três horas da tarde, porque o sol se tinha eclipsado. O véu do templo
rasgou-se ao meio. E Jesus exclamou com voz forte: «Pai, em tuas mãos entrego o
meu espírito». Dito isto, expirou. Vendo o que sucedera, o centurião deu glória
a Deus, dizendo: «Realmente este homem era justo».
Caros amigos e amigas, a leitura deste Domingo é o coração do Evangelho:
narra a paixão de um Deus apaixonado pelo homem, que morre por amor. Jesus transcreve, na sua nudez crucificada, o
verdadeiro rosto de Deus, na certeza que o grão caído por terra dá muito fruto!
“Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti
mesmo e a nós também”
Jesus é a história do amor que encontra o homem. No alto
da cruz, parece que o amor se faz fraco, vencido e aniquilado, silencioso, sem
forças, incapaz de descer da cruz para se salvar a si mesmo. Ali o amor faz-se
apenas amor! Um amor capaz simplesmente de amar! Mas o amor é criativo e fecundo:
a sua maior prova é quando dá a vida. No calvário, o Amor de Jesus abraça a
cruz porque nela abraça as cruzes de cada filho. Deus entra na morte porque na
morte entra também cada um dos seus filhos.
Na cruz, Deus não grita belas palavras ou teorias, mas
assina com a própria vida todo o Evangelho, rubrica com o seu sangue todo o seu
amor. Deus “crucifica” o seu amor para que não fiquem dúvidas! Naquela “árvore
da vida”, Deus “vinga-se” definitivamente da distância, da indiferença, da
separação: nada o impedirá de ser o Emanuel, o “Deus connosco”, para sempre.
Nem mesmo a morte nos poderá separar!
A beleza de Cristo na cruz reside em ter transformado o sofrimento
num acto de amor: a cruz é um convite radical a não sofrer, mas a amar sempre, incondicional
e infinitamente, mesmo até ao preço da vida.
“Hoje estarás comigo no Paraíso”
Miraculosas
palavras que escancaram as portas dos céus! Maravilhosa garantia que afirma que
a terra deixará de ser um enorme vale de lágrimas! Porque Deus se esquece de si
mesmo para salvar quem lhe morre ao lado! Até na agonia, num último grito, Ele
não se preocupa consigo, mas com o condenado sedento de esperança. Naquele
malfeitor, estamos nós, suplicando a nostalgia de Deus, para que se recorde de
nós, para que se lembre do sonho e do amor com que nos fez, para que não
abandone à tragédia e ao esquecimento a sua criatura. As palavras de Jesus
confirmam que, até no último limite humano, o homem pode ser salvo, pode ser
amado! Ninguém está perdido para sempre, nem ninguém se pode afastar tanto que
não possa ser alcançado pelo seu amor.
“As trevas cobriram a terra do
meio-dia até às três da tarde”
Talvez
estas 3 horas sejam as mais escuras de toda a Bíblia. Mas são iluminantes: as
trevas ficam reduzidas àquele horário apertado, circunscritas entre duas
fronteiras intransponíveis, limitado tempo em que foi concedido à escuridão de roçar
a terra. Aquelas horas são as margens que delimitam o rio das lágrimas humanas,
as barreiras entre as quais se consomem todas
as agonias dos filhos. Dentro de pouco tempo, a
escuridão dará lugar à luz, a terra reconquistará as suas cores e o sol da
Páscoa irromperá entre as nuvens em fuga (Tonino Bello). O amor derrota o pecado, vence os medos e faz-nos ver a tristeza, a doença e até a morte, do lado certo: o do “terceiro dia”. E as marcas deixadas, nas nossas mãos pelos
pregos, serão as brechas através das quais veremos as luzes de um
novo mundo. Esta é, caros amigos e amigas, a fé do
Evangelho!
VIVER A PALAVRA
Quero ler no sinal máximo do amor, que é a Cruz, o roteiro para a minha
forma de amar.
REZAR A PALAVRA
Deixo ressoar, no silêncio do
meu espanto, esta palavra que descreve o Amor!
A tua história de amor
avizinha-se das minhas traições, violências, medos,
cobardias...
O teu amor percorre o meu
caminho de sonolências, apatias e negações, a chamar-me.
O teu amor desafia à beleza este
mar de sofrimento onde também eu me banho.
Que amor imenso, Senhor! Curvo
perante o teu amor, a minha presunção tão vazia,
Estendo os braços da minha
fragilidade para o teu regaço acolhedor.
Agarro-me a este jorro de sangue
que brota generoso do teu coração aberto.
Hei-de alcançar a brecha.
Obrigado, Senhor, por abrires o coração e me convidares a entrar.
terça-feira, 19 de março de 2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
Retiro de Jovens
Não tiveram
medo, os 31 jovens reunidos no Santuário dos Cerejais, nos dias 16 e 17 de
março, no âmbito do retiro para jovens proposto pelo SDPJV de Bragança sob o
tema: “Não tenhais medo(Lc 5,10); eis-me aqui! (Is 6,8)”. O retiro contou com
as reflexões do Sr Padre José Luís Pombal, orientação dos momentos de oração da
irmã Conceição Borges, dinâmicas ao cargo da Irmã Dulce Ramos e a alegre presença
do Sr Padre Eduardo Novo, diretor do SDPJV.
Dois polos
abraçaram esta caminhada espiritual, a Palavra de Deus ( Rom 8, Lc 5 e Is 6) e dois
temas de Mafalda Veiga: Restolho e O lume. Entre momentos fortes de oração e
tempos de partilha e reflexão, aprendemos que, mesmo sendo restolho, somos chamados a “nascer de novo” inflamados pelo lume do Espírito e a “lançar as redes”,
obedecendo com alegria ao convite de Cristo. Nesta disposição interior, fizemos
caminhada, contemplando a mãe natureza que nos abraça e nos lança num olhar
admirado e fascinante. Mergulhados no perdão de Deus, construímos em nós o
desejo de uma “entrega alucinada, para receber daquilo que aumenta o coração”.
Na “máquina da humanidade” descobrimos com o filem “A invenção de Hugo” que
somos peças, que só têm sentido no serviço, e, quando paradas, negamos a nossa
vocação; precisamos libertar o grito que trazemos dentro: “não percas tempo!”.
“Na água e
no lume”, saboreamos as delícias do encontro com Ele e com a comunidade. Animámos
a celebração eucarística de Domingo na comunidade paroquial e no final, lançámos
o dado e abandonámo-nos “ao vento
como um veleiro, solto no mais alto mar…”
Ir. Conceição Borges, sfrjs
quinta-feira, 14 de março de 2013
Naquele tempo, Jesus foi para o
monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o
povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os
fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na
no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida
em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu
que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O
acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como
persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver
sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a
escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um
após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que
estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém
te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te
condeno. Vai e não tornes a pecar».
Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje
antecipa a Páscoa e a Ressurreição. De facto, a verdade e a sentença da vida de
cada um não é o pecado e a morte, mas é o amor e o perdão.
Não se salva a vida dos outros sem
dar a própria vida
Uma mulher é arrastada
por uma cega multidão que grita justiça e condenação. Sentenciada de morte é
despida da sua dignidade, vestida apenas do desejo mortífero das mãos cheias de
pedras dos acusadores. O seu nome é o do seu pecado: adúltera! Calada, talvez
nem esteja arrependida. Encontra-se agora sozinha, diante de Cristo, como
pedinte de socorro e mendicante de amor!
Sozinho encontra-se
também Jesus para que ratifique a sentença de óbito. Sentado no chão, o Mestre
sonhará porventura em salvar a desgraçada, mas também os seus acusantes,
enclausurados na cegueira do coração, pois a lei pode denunciar o pecado, mas
nada faz pelo pecador.
Jesus inclina-se,
escreve com o dedo no chão e levanta-se
O Mestre inclina-se para partilhar
toda a miséria humana, para imprimir na terra o sinal da sua presença
salvadora, para inscrever um futuro no coração da mulher e alçá-la à dignidade
de ressuscitada! Jesus inclina-se sobre a nossa existência e grava um
mandamento novo: a lei de Deus não é um preceito que se observa mas é uma
pessoa que se encontra, alguém que se abraça, um irmão que se perdoa, um amigo
que se ama!
No olhar de Cristo, que
não se orienta para o pecado mas vê o coração e o sofrimento da pessoa,
pressente-se o futuro. E se Jesus cala, fala o seu silêncio, que escava nos
lapidadores a recordação da comum fragilidade e que, pacientemente, aguarda o
germinar de uma vida nova.
Nem Eu te condeno. Vai
e não tornes a pecar
No fim todos desaparecem
da cena. “Só ficaram os dois: a pecadora e o salvador, a doente e o médico, a
miséria e a misericórdia” (S. Agostinho). Neste encontro intui-se que a vida,
mesmo a mais desgraçada de todas, esconde um caminho até ali impensável: a
possibilidade do amor!
Jesus
não julga, não banaliza a culpa, não justifica o adultério, não dá sentenças de
morte, mas faz recomeçar a vida. E atribui à adúltera o mesmo título que dá à
sua Mãe, em Canã e no Calvário: Mulher!
Assim recorda à pecadora, e a nós, aquela grandeza que nenhuma culpa pode
destruir. Ninguém é o seu pecado, porque diante de Deus somos renovadamente
mulheres e homens, capazes de viver, capazes de amar. O Criador traça sempre de
novo, em cada um de nós, a rota do céu, reproduz a imagem das origens, aquele
rosto celestial com a beleza original, fruto do seu eterno amor.
A mulher salva por Jesus
é imagem de todos nós, com os próprios “adultérios”. Contudo, o esposo, Cristo,
porque nos ama e espera a nossa conversão, só pode já ter-nos perdoado. E nos
repete aquelas palavras que mudam a morte em vida: “Nem eu te condeno. Vai e
não tornes a pecar”! Este é, caros amigos e amigas, o verdadeiro Evangelho!
VIVER A PALAVRA
Na praça pública da vida, vou
procurar acolher, mais do que condenar.
REZAR A PALAVRA
Senhor,arrastada
pela montra da crítica e a chuva de julgamentos e condenações,
temo
o depois do agora e do ontem, temo o olhar do juíz, o pesar da balanlça,
porque,
no sempre de cada momento, carrego a certeza das falhas e a luta da cruz.
Que
dizes, Senhor? Que dizes da minha história de solidão e silêncio na praça?
Que
dizes, Senhor? Que dizes das pedras que mantenho em mão para lançar?
“Mulher...
Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar...”!
Rezemos com o nosso fraterno Papa Francisco!
O Espírito Santo não deixa de nos surpreender.
Contra toda a parafernália
dos meios de comunicação social
e dos seus candidatos e das casas de apostas,
a boa-nova do dia explodiu:
Francisco, o papa da Surpresa.
- A surpresa da sua procedência: o primeiro jesuíta, o primeiro da América Latina e o primeiro não europeu em mais de mil anos: os irmãos cardeais foram procurá-lo quase no fim do mundo… Roma e a Europa deixaram de ser o centro do mundo.
A viragem é do centro para a periferia.
Dos palácios para as cabanas.
Da lógica do poder para a lógica do Serviço.
Da força da diplomacia para o dinamismo do Evangelho.
Da cabeça emproada para uma atitude de humilde inclinação diante do povo, suplicando a sua oração…
- A surpresa do nome que ele escolheu: Francisco. Pela primeira vez na história. A carga simbólica, profética e programática de um nome: Francisco de Assis, o Poverello, o renovador da Igreja e da Humanidade, o santo da simplicidade e dos pobres, o santo da fraternidade e da radicalidade do Evangelho a toda a prova.Francisco de Sales, o santo da ternura e da bondade.Francisco Xavier, o missionário de uma Nova Evangelização.
- A surpresa do número 13: Francisco foi eleito papa no dia 13 do 03 de 2013. A soma de todos estes números: 13. Tem 76 anos: 7+6 = 13. “Papa Francisco” tem 13 letras. “Papa argentino” também tem 13 letras! Foi eleito 13 dias depois de resignação de Bento XVI.
Nossa Senhora de Fátima, a Senhora dos 13 o abençoe e proteja!
- A surpresa de alguns dos seus livros: Reflexões de esperança (1992), Diálogos entre João Paulo II e Fidel Castro (1993), Corrupção e pecado (2006), O verdadeiro poder é o serviço (2007), Mente aberta, coração crente (2012)
sexta-feira, 8 de março de 2013
IV Domingo Quaresma C
Naquele tempo, os publicanos e os
pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os
escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come
com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois
filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’.
O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo,
juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou
quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome
naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um
dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas
ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu
pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter
com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço
ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a
caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu:
encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de
beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço
ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor
túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o
vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava
morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa.
Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da
casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que
era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o
vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria
entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos
anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um
cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse
teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o
vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é
meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão
estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».
Caros amigos e amigas, esta é a
pérola das parábolas, um evangelho nos evangelhos, um canto de reconciliação,
um hino à ternura de Deus narrada na história de um pai e dos seus filhos.
Pródiga folia divina
É tão
misterioso e deslumbrante este pai esbanjador de amor, pródigo de perdão,
encantado e seduzido apenas pelos filhos. Um pai que vive só da superabundância
da paternidade, gratuidade e ternura. Alguém que vibra, se comove e sofre,
perscruta o horizonte da estrada todos os dias e sai ao encontro dos filhos. Um
pai que não exige arrependimento, reposição ou castigo, mas tem apenas uma
excessiva vontade de abraçar e beijar. Do pecador faz um príncipe e do errante
gera um recém-nascido! É um pai com um desconcertante coração de mãe que
antecipa e celebra a folia da ressurreição!
Os dois filhos
Ambos representam
dois modos de renunciar a ser filho e abandonar o pai: um sai de casa e pede a
herança antecipando a morte do progenitor; o outro fica mas para ele a casa é
vazia de afectos, vivendo como escravo. Contudo, no íntimo do pai, o filho mais
novo pode estar perdido mas nunca é esquecido, e o mais velho pode sentir-se
servo mas será sempre filho amado. No nosso
coração convivem, tantas vezes, estes dois filhos: alternamos a alma de
vagabundos com a de escravos! Mas Deus, especialista em festas de renovação,
sonha com o banquete dos filhos na casa paterna.
O terceiro Filho da parábola: Jesus
Jesus é
o verdadeiro filho: tudo recebe do Pai como dom e não como insubmissão ou resignação.
É um filho livre e obediente, na escuta e no abraço. Filho à semelhança do Pai
que nos ensina a ser irmãos.
Lucas não apresenta o fim da história, nem se o filho
mais novo apreciou o gesto do pai e mudou de vida, nem se o mais velho entrou
na festa. É uma parábola aberta a todos nós, sem soluções fáceis nem
programadas, pois podemos estar com o Pai sem saborear a beleza e a alegria dum
encanto de amor. Também podemos deixar que a fé se torne obséquio respeitoso e
invejoso dos dons alheios.
Esta
é uma história que alarga o nosso coração até ele palpitar no coração paterno
de Deus. Talvez o evangelista saiba que ainda existem braços sem abraços, faces
nunca beijadas, olhares nunca cruzados, vidas à espera de encontros e de
perdão. E sabe, também, que Deus anseia pelo milagre da tua e minha
ressurreição! Esta, caros amigos e amigas, é a folia do Evangelho!
VIVER A PALAVRA
Aproveitarei a oportunidade para
regressar ao amor de Deus, identificando as causas da ruptura com Ele.
REZAR A PALAVRA
Abbá,
Paizinho do Céu, colo aconchegante de ternura, mão forte da minha protecção,
percebo
a luz do teu olhar atento e as badaladas do teu coração que convocam o meu
amor...
Hoje
quero abandonar-te a leviandade das minhas fugas e a impermeabilidade da
rotina.
Hoje
quero regressar, tendo apenas para te entregar um coração ferido pelo pecado.
Quero,
simples e amorosamente, permanecer no teu abraço e deixar que reze em mim
o teu
Filho amado, com a melodia de uma docilidade sem fim... Abbá, Pai!
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